<p>******)FILHA DO SOL E DA lUA(******</p>: Carta a um homem famoso ou quase

Wednesday, March 01, 2006

Carta a um homem famoso ou quase

A garganta me doeu a noite quando me contaram de ti. Eu tinha lá na geladeira um pedaço de gengibre e masquei-o aliando a minha dor. Eu não sei se você sabe, gengibre é fogo. Meu fogo se tornou frio. Acho que eu estava com a pressão baixa também. E me questionei sem ficar me colocando rótulos e me julgando como muitos o fariam sem compreender a complexidade de uma situação.

Eu não gostaria que invadisses a minha vida sem querer se não posso invadir a tua. A tela do computador e da televisão é algo impessoal mesmo. E o impessoal nos invade, não invadimos o impessoal. Se eu pudesse entrar para dentro da televisão como imagina uma criança eu ficaria pequena e entraria lá para dentro. Mas, eu não vi nada disso. Me disseram que tu andas fazendo sucesso. E para ser sincera nunca gsotei do teu sucesso. Tenho a falsa impressão de que ele me afasta de ti e sempre tive essa impressão, mas sempre fingi estar gostando para não faltar com o respeito aos teus sentimentos, sobretudo quando estavas realizado. Posso ter agido mal, mas você nunca teria compreendido e muitas vezes eu dei para ti o que achava que querias receber. Sempre fui uma pessoa autêntica, mas nem em tudo. Contigo e com outras pessoas de quem eu gostava muito não tive suficiente grau de franqueza e controlar os altos e baixos da franqueza é difícil.

Contaram-me que não és mais espontâneo como eras e pareces artificial. Que estás bem mais velho. Estamos velhos, realmente e por dentro me sinto muito jovem e bem mais sábia.

Contaram-me que você está em evidência e fiquei deprimida. Não participo de nada disso. E para dizer bem a verdade, nunca gostei das suas evidências. Gostava de você de uma forma bem egoísta até. Isso se deve a inseguranças com raizes na infância. Mas, hoje é como um deus e não teria problemas de infância e seria capaz de muitos rótulos para mim, não para você mesmo. Por isso a sua falta de espontaneiadade e falta de aceitação da própria sombra o que o faria humano conjugando comigo o verbo amar, mesmo que fosse no sentido universal do termo. Somos semelhantes, percebes?

Eu não sei porque este aperto na garganta tão forte seguido de uma depressão porque te viram na tela. Poderia ter sido na rua. Mas, certamente que o teu desprezo dói muito e dói principalmente porque nunca recusei um telefonema seu, uma visita que fosse, um pedido para prosearmos sobre problemas ou não. Como está errado amar de mais! Como está errado agradar de mais não ter tido suficiente frieza em meio ao calor de uma paixão tão avassaladora que até hoje faz tudo para se equilibrar o bastante e transformar-se em pura luz.

Eu gostaria de varrer você de dentro de mim e se me perguntarem por ti eu direi que não falo nada sobre isso. Como diz naquela música do ABBA: I don't wanna talk.

Se eu sinto orgulho de ti? Como eu posso se me varreste da sua vida como um traste qualquer depois de tantos anos? Eu sinto sim. Sinto orgulho de você a qualquer momento e pensei que se tivesses tido mais problemas e menos sucesso na vida saberias o quanto eu gosto de ti e dei um valor inestimável para a tua amizade quando a tinha.

Em todo caso muito obrigada por ainda me fazeres pensar muito e valorizar maior número de pessoas, em especial a família muito amada da qual hoje faço parte! Vai em paz e continue fazendo o bem na sua vida! Não importa muito este grão de aréia, esta gota d'água que sou eu em meio a mundo que reconheço que deve melhorar. E afinal pensando bem, que bom que você contribui com a tua Ciência para que a vida das pessoas seja melhor.