<p>******)FILHA DO SOL E DA lUA(******</p>: Gratuidade

Friday, December 15, 2006

Gratuidade

"I just call to say I love you"

Você deve conhecer a música e a letra aproximadamente.

Existem várias maneiras de dizer que amamos que gostamos de uma pessoa. Uma delas ocorre quando você chega a perguntar incrédulo porque a pessoa ligou se não queria um endereço onde ela pudesse praticar alterofilismo, não pediu para você lembrá-la o nome do vodol para uma frieira de verão que lhe saiu no pé, não quer saber sobre algum direito trabalhista, etc.

Sabe que existe uma gratuidade nas relações de pura e simplesmente amizade e curtição de uma pessoa pela outra? Lembra disso? Isso ocorre sem cobranças. Não é para obrigar ninguém a ir na exposição artística de final de ano que deve ser anunciada num periódico qualquer, nem que seja num blog mesmo, não é por obrigação, como ocorre quando ligam no teu aniversário só porque você é parente de não sei quem ou porque você é chefe no seu serviço. Existe isso da gratuidade e o que mais incomoda na gratuidade é justamente ela não fazer parte do mercado, não servir como escada para que você possamos galgar os degraus da fama. Não se trata de indicar alguém para alguém, não se trata de pedir um livro emprestado. Mas, pouca gente hoje em dia entende o que é gratuidade no auge de um sistema neoliberal que domina o mundo e particularmente no socialismo em que começamos a vivenciar, um socialismo com componentes de ideologia fajuta onde deputados conferem-se a si mesmo um aumento de 90% em seus salários.

Hoje, consternada que me encontro diante da imobilidade quase paraflégica, única atitude possível e dolorida, diante do que presencio em termos de ética e de relações saudáveis ao meu redor, percebo que só me resta mesmo estudar, trabalhar e esperar. E espero que todos nós possamos ver e agir em torno do que está ocorrendo em forma de crise mundial e planetária. É vasta e profunda a destruição que estã ocorrendo conosco e por isso as almas afins se distanciam tanto e não lembram mais como se faz para praticar edonicamente a gratuidade, esta mesma gratuidade que nos deu florestas e rios e faz com que os amantes e amigos sejam felizes poderem expressar o que são e o que sentem numa aceitação livre e despretenciosa.