<p>******)FILHA DO SOL E DA lUA(******</p>: Do baú

Monday, June 26, 2006

Do baú

Eduardo disse:
_Dortothéia, você está me cobrando um milhão de coisas que você fez por mim?
Dorothéia disse:
_Não. Não mesmo. Eu estou fazendo a propaganda do meu produto. Um dia você disse que eu deveria saber vender meu peixe. Foram estes teus termos.
_Em que ocasião eu disse isso?
_Tu estavas em dúvida entre mim e uma tal de Valdez, lembra? Uma menina bem novinha que costumava tocar flauta doce e depois você achou que ela ficava muito feia quando era encontrada desprevenida em sua residência depois do banho, etc.
_Ah...Sim. Valdez não, Valderez.
_Isso, Valderez. Você já estava na letra "V".
E você lembra o que eu disse quando tu disseste: Estou num dilema: Não sei se prefiro a ti ou a Valderez. Sim porque quem prefere prefere alguém a outro alguém ou uma coisa à outra. E tu sempre tiveste um Português perfeito, Dr. Certinho.
_Eu poderia ficar sem esta última ironia amarga.
_Está bem. Desculpa!
Mas, o que eu lhe disse?
_Como vou saber. Faz tanto tempo.
_Isso não foi importante para ti?
_Foi, mas eu já estava do lado mais racional da paixão.
_ARG! Eu disse: Se tu estás num dilema, imagina eu!
_Sim, tu me disseste que eu deveria saber o que eu quero.
_Isso. Eu sempre fui um pouco socrática. E agora eu não vou perguntar o que preferes.
_Pode me dizer por quê?
_Porque eu preciso ainda muito para vender o meu peixe, você esqueceu do gosto do meu peixe, esse é o problema e no dia em que você lembrar e aprender mais sobre o meu peixe acho que serás eternamente meu freguês e não comprarás mais em outras freguesias.
_Hummmmm...Pode me fornecer uma amostrinha grátis, por favor?
_Claro, claro.
E maliciosamente Dorothéia deu um beijo na testa de Eduardo que o deixou "puto" da vida. Então ele a puxou contra si, curvou a sua coluna flexível e beijo-a à espanhola num misto de raiva, impaciência e algum sentimento indefinível. Ele não sabia de que forma esta mulher o provocava. De fato não era mais uma mulher bonita, parecia não dizer o que ele gostaria de ouvir de uma forma mais objetiva e instruida, como faziam suas colegas. Depois deste gesto instintivo ele ficou imaginando se não teria se precipitado e se não teria agido desta maneira sob provocação, sob hipnose ou se fora presa da lábia de uma senhora maliciosa que não correspondia mais à mocinha ingênua que ele conhecera a muitos anos quando ele também era ingênuo.
_Alguma vez você me achou ingênuo, Dorothéia?
_Sim, eu achei. Todas as vezes em que você quis casar comigo eu o achei ingênuo.
_Por quê?
_Somente as pessoas ingênuas casam.
_Enquanto são ingênuas?
_E sempre que se amam, que se apaixonam e não pensam muito.
Ele sentiu um misto de antipatia e sedução pelo jeito pretencioso como ela disse esta última frase e arrebato-se sobre ela outra vez, desta vez com mais impeto e perguntou se ela não queria ir ao seu apartamento.
_Sei. Ouvir uns discos?
_Não enche! Quer ou não quer?
_Fica para outro dia. Preciso acordar cedo amanhã.
_Como queiras. Tiau!
Obs: Existe alguma base na realidade mas o que se escreve neste blog é ficção.