E assim, não sucedeu-se
Eu telefonar-te-ia. Escrever-te-ia um e-mail. Encontrar-te-ia na mesa de um café que poderia ser por exemplo o café do Margs durante um dia comum da semana na hora do lanche. E então olhar-te-ia bem. O que estárias vestindo tu? Sem terno e gravata a enforcar-te talvez estivesses com trajando uma camisa polo ou uma camisa de meia manga. Sim, porque não exibirias o biceps (É mesmo isso?) com a tatuagem de uma sereia desenhada nele, bem sei. Então não me viriam as palavras, pois o mundo trasformar-se-ia em algo indescritível. Sentiria uma vontade louca de agarrar a tua mão, mas esperaria que agarrasses antes as minhas como uma dama que não estou acostumada a ser tanto. Procuraria um bolso na roupa para meter as mãos enquanto não as retivesses nas suas, pois as mãos são expressivas de veras assim como os olhos o são. Como nada disso ocorreria em realidade, então melhor ir tomar um solzinho. A sua esposa me aconselhou o solzinho para substituí-lo a uns anos atrás. Fiquei com esta receita que tem dado mais ou menos certo, mas o sole mio não mata saudades tuas.
E eu espero sinceramente, que você, oh Cremildo Trimegisto, homem dileto e bem comportado, um dia mande esta tal de auto-estima para o espaço e supra esta lacuna de uma falta constante de comunicação que faz a todos nós interpretarmos e até mesmo imaginarmos fatos enquanto vamos ficando velhos, muito velhos mesmo até a cova. Espero que seja tudo natural sem exageros, devagar, sem brigas, sem problemas, sem destruições. Afinal porque ameaça tanto a ti a minha aproximação? Acaso tenho a chave de algum dos teus mistérios mais profundos da alma? Como poderia eu, simples Cremilda, uma empregada doméstica letrada e desenvolvida na escola dos livros que me emprestaste saber tanto assim?
Tem dó de mi, Cremildo!
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