Dorothéia "coroa"
Uma força inexplicável lhe foi mostrada a partir dos anos e sabia que poderia conter, expressar, contrair-se e expandir-se como bem lhe conviesse, suportando qualquer tipo de desequilíbrio que o seu corpo ou alma pudessem sentir, pois assim ela pariu um novo ser através da incompreensão do mundo que pairava sobre ela, obrigando-a a entrar por aquela porta que leva para todos os quartos escuros dentro de si mesma e acender a luz, na solidão. E fez o balanço de sua vida, verificando satisfeita que lucrara com a capacidade de reserva, de paciência, fé e esperança que apacentou sua alma ainda rebelde como seus cabelos, seus gestos e atitudes sempre escêntrica no seu meio pessoal, onde apenas por ser ela mesma deixava a todos com uma espécie de receio da imprevisíbilidade, algo que exitava e atormentava até mesmo quem simplesmente passava por ela. Dorothéia e seus mistérios! Era também engraçada e sabia disso, por isso comprou um chapéu de palhinha com uma enorme rosa pendurada em um tope de cetim lilás que cosumava combinar óculos de sol tipo coruja malandra e cuidadosa e andava erguida por altos tamancos de salto anabela disfarçando um pouco a sua baixa estatura, mas não o seu tipo "mignon" como costurmava dizer a tia a respeito da sua miúda flor mulher de personalidade por um lado frágil e por outro também muito forte deixando na dúvida e aos cochichos os observadores desprevenidos. "Você sabe quantos namorados ela já teve?" cochichou um homem mal amado para outro homem mal amado. E Doro fez que não viu. De quem ela queria realmente a atenção não a obtinha como se aquela planta criada com cuidados houvesse quase murchado toda, não totalmente, deixando com ela uma preocupação incomoda e latejante ao longo de todas as suas distrações com tudo o que é importante em diversos graus ou meramente divertido. Sabia que não havia hierarquia alguma a não ser na mente humana, mas estava sujeita, mesmo sem querer aos ditames da sua espécie que a faziam sofrer. Para Goethe a flor é o sofrimento da planta que gera os mais saborosos e um dia doces, maduros frutos. Estaria quase no ponto? Sim acho que já. Nossa personagem é bem feninina, mas não tão meiga e sim um tanto do tipo agridoce.
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