Bello!
Desacomodo-me e sofro da velha ferida, processando dados carregados de emoções e sentimentos que as máquinas não possuem. Mas sou destas pessoas que domina os impulsos. Sou das pessoas mais honestas que já conheci. Isso me causa uma rigidez, uma falta de jogo de cintura e critica interior a respeito dos outros que procuro apacentar e curar, mesmo através desta dor tão antiga que também é amor em uma de suas facetas.
Um largo sentimento de rejeição estendia suas raizes nela. Porque não digo profundo em vez de largo? Muitas das perguntas que faço é porque realmente não sei. Me sinto como uma criança ao dizer e pensar que não sei e que todo o tempo do mundo é para saber. Todo o tempo do mundo e você não passará, passarinho, rouxinol dos pampas.
Que esta dor nunca permita que o meu coração se feche e que eu deixe de amar foi meu pedido final, afinal e assim sucederam-se anos e amores em forma de milhares de coraçõezinhos e coraçõeszões. Mas, eu sempre do fundo do peito, daquele quarto fechado ouvi gritos: era uma das minhas vozes desejando uma segunda voz, mas até mesmo você saiu do tom. Chjegamos a desafinar juntos. Foi uma gritaria.
Você foi muito muito frio como o iceberg. Ao seu redor blizzard (tempestade de neve). Seu coração ficou preso num cubo de gelo. Gostaria de lamber este cubo até o final e devolver a você aquilo que me ajuda a viver. Você passou a se alimentar apenas de sorvete, mesmo no inverno. Eu me agasalho toda e não tem jeito. Sinto enrijecer-me a alma, petrificada de esperar o perdão que vem de mim para ti, talvez por não me compreenderes, pois se me compredesse, amar-me ias tu, oh hombre, e o perdão que vem de ti para mim seria, por me saberes humana e com defeitos horrendos como este de pensar sempre no pior, quando tantas coisas lindas ocorrem agora na face da terra, como o nascimento de um bebê, o desabrochar de uma flor, uma sinfonia sendo ensaiada, suas mãos determinadas, suas mãos que são e vão além do seu cérebro. Vou falar para as suas mãos virem em seu lugar me consolar, pois elas vivem em mim gravadas na flor da pele.
Sinto uma saudade de ti que não prejudica responsablidade e nem compromisso algum. Talvez eu tivesse mesmo feito alguma besteira se você tivesse me querido um dia. Talvez eu pudesse ter esquecido que tenho filhos, marido, gato, tartaruga atirando-me nos teus braços, destruindo mundos, mas acho que o amor não justifica besteira alguma e o que justifica é o egoísmo. Peço a Deus para não fazer nenhum mal àqueles por quem eu sou responsável. Você pensaria, você não faria e você também domina bem os impulsos, eu sei. Você é um homem honesto. Eu entregaria muitas coisas nas suas mãos, você sabe. E preferia ter recebido não. Preferes sempre o difícil, o obstáculo. Eu acabei sendo a equação de um mais um da sua vida.
Você é muito desconfiado, como eu. E foste logo desconfiar de mim. Nunca soube direito o que é que eu fiz para você desconfiar de mim, mas faço idéia. Esta é uma dor profunda. Já busquei todo o consolo e compreensão humana para isso. Não encontro. Sou inconsolável do teu julgamento e posterior condenação. Vivo minha vida com uma ferida que não cicatriza, como o centauro da mitologia grega. De vez em quando ao longo da vida alguém para ser curado e consolado pela curadora ferida na anca, mas agora sou eu a paciente impaciente. É o fato. Não é o ideal, eu bem sei. Não deveria ser assim. Eu querida o consolo que vem da tua alma, o feitiço que somente pode ser curado pelo próprio feitiiceiro. Eu espero todo o tempo do universo se for preciso. Sou capaz de aguentar, domino meus impulsos. Sou forte, mas saiba que isso dói e muito. Você dá para quantas pessoas o que poderia dar também para mim? Ninguém pode tirar-me a esperança e alguns tentaram cometer este crime de arrancá-la de mim por maldade, para verem covardemente suas sombras na minha. Outro pedido que faço é muita luz para ti e nesta luz tu verás cada vez mais como é a vida e como eu sou. Sou pequena e bonita e amo muito você para sempre. Bello, que tu vejas e vejas sempre e cada vez mais. Que Deus e os anjos te iluminem!
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