Dias moribundos

Os últimos dias se passaram bastante intensos e a internet ficou colocada de lado. Muitas atividades, muitos estudos e alguns problemas pessoais e familiares aborrecidos que não chegaram a ser graves. tudo bem.

Fiz o exame de Inglês que era um propósito e terminei o curso. Acho que vou ficando por aqui sem a conversação e sem as conversas na hora certa com as pessoas certas tão impossíveis hoje em dia quando não se deve dizer nada a respeito de nada para não confundir ainda mais as ilusões estabelecidas nestes últimos tempos em que muitos estão construindo mentiras com aparência de realidade e eu diria: com muito sucesso.

Algo mudou em mim. Percebi mais quanto me ligo a recordações negativas em detrimento das positivas e já sei que a mente humana funciona mesmo assim. Mas percebi que o que me liga ao passado sem conexão com o presente é o trauma, o aborrecimento, algum rancor e então estou disposta a soltar tudo isso. As boas lembranças me ajudam em compensação a fluir com a vida e de muitos lugares e pessoas guardo boas e más lembranças em alguns casos. Pelo que sinto sou a única responsável, pois devemos nos responsabilizar totalmente pelo que sentimos.

Pensei em deixar este blog e senti que ele chega ao fim e portanto acho que vou ter outro blog para falar de sentimentos, de artes e de mim mesma, como faço neste aqui, mas será diferente, porque mudei um pouco e continuo num processo de mudança sentindo algumas vezes algumas paradas e frustações devido a dificuldade que tenho de aceirar minhas limitações em avançar e talvez até em avançar como os ditos "normais", pessoas que com as condições que recebi teriam ido bem mais longe, não fossem meus específicos problemas.

Tenho visto algumas pessoas inocentes sofrerem injustiças e sei como é isso. Tenham paciência e fé!Não estamos sós.

Neste blog ainda havia um elo com alguém, alguém em que eu senti muita dor em sem explicação ter me expulsado completamente de seu mundo, ou com explicações não convincentes. Mas, só eu posso me desligar totalmente disso e estou tentando com naturalidade. Alguém no escuro...Mas, agora o elo está mais fraco por uma compreensão maior. Uma compreensão de que o que é bom mesmo é o que me faz viver a minha vida e fazer com mais entusiasmo as coisas que eu preciso fazer nela. Tenho sempre muitas coisas para fazer. Tudo o que faço procuro que seja assim meio sagrado, mesmo quando paro na rua para conversar com alguém e que nunca seja para perder meu tempo nos raros momentos que isso ocorre e nem seja para desvalorizar meu tempo. Meu tempo é precioso e o seu também. Somos preciosos e estimados por nós mesmos e por quem nos compreende. Estamos além dos julgamentos, das deduções mesquinhas sobre nossas intensões.

Minha intensão era buscar harmonia e paz no amor o tempo todo, mesmo quando estive errada na maneira de fazer isso, mesmo quando indo em busca do bem, sem saber ter todo cuidado afastei-me mais ainda dele. Temos o momento e neste momento fazemos o melhor que podemos com o que temos. Por isso me perdôo, por isso te perdôo na medida do possível querendo compreender cada vez mais. Queria compreender quando insisti um pouco na comunicação, mas na comunicação há ruídos de julgamentos errôneos, dificuldades de expressão, medo e não sei o que mais. As muitas línguas que se falam não ajudariam em nada a não ser em complicar ainda mais o quadro, mas a inteligência que se tem ajuda em se falando de inteligência sensível, aquela que nos faz adaptados ao Todo.

Este blog teve uma dedicatória secreta. A dedicação mais ou menos se revela e não se fala nisso, pois quem precisa entender vai entender isso sem necessidade de maiores explicações. Tudo deve ser dito na hora certa e tudo devemos ouvir na hora certa, da pessoa certa, muito sábia que não tenha palavras de sobra para dizer tantas besteiras como tenho ouvido alhures aqui e ali de tantas bocas.

O amor que eu trago em mim é assim como uma rosa perfumada, as vezes branca, as vezes rosa, as vezes vermelha e até mesmo azul natural quase inexistente. Este amor realmente existe e me agarro firmente nele para me libertar, mas não devo confundir este amor com a mágoa que o macula, com o trauma, com o sentimento de rejeição e com todas as coisas que vêm juntas deixando a minha criança interior tão acuada como a menina tímida que fui de quem fizeram tanta chacota, covardemente deixando fazer crer que o ser humano pode se unir para a maldade quando possível. Mas, faço tudo para fazer valer aqueles dizeres de Sartre quando ele diz que o importante é o que fazemos do que fizeram com a gente.

Não tenho certezas a respeito de uma pessoa a quem dedico em especial este blog, uma pessoa que não vou revelar para ninguém, mas que alguns devem saber calados quem é. Não tenho certeza de suas circunstâncias, do que o levou a agir ao meu respeito como agiu. Não tenho certezas, mas estou em pleno direito de me libertar disso tudo e fazer um blog diferente, um blog que não tenha mais a dedicação secreta que teve, uma dedicação que com toda a malícia que há não feriria um inseto que fosse. Eu não faria mal para ninguém por amor a quem quer que fosse. Estou do lado da Justiça mesmo. E protegidos pelas massas são os convardes enquanto me vi tantas vezes a enfrentar a unanimidade por algum inocente quando não poderia ser de outra forma e por ele eu tinha meu coração partido.

Fui caçoada e conhecida nas ruas por causa deste blog. Eu sei. Fiz ouvidos de mercador. As pessoas julgaram com facilidade o que não podem julgar. Tenho visto pouca gente sábia e muita gente besta, infelizmente. Espero uma mudança dos tempos, algo que interfira com os astros ou coisa assim, pois tenho visto e ouvido muita bobagem.

Eu vou continuar talvez pensando num muso ou noutro, talvez no principal muso do vale encantado no meu mundo interior. Não quero no entanto crer na especialidade das criaturas do ponto de vista da hierarquia. A hierarquia está sujeita a uma falência progressiva. Acabou a monarquia absoluta e o reinado. Até o mesmo Maquiavel, o maquiavélico acreditou que autoridade é serviço. Por isso não quero ter em mim nada desta coisa de pessoa especial, mesmo que o meu coração seja de uns ou de outros mais, como sempre serão de meus filhos.

Quero voltar um dia a abraçar de verdade meus amigos verdadeiros, mas sem nunca precisar forçar nada para que aconteça e hoje a verdade está muito bem guardada como aquelas sementes das plantas transgênicas sem sementes que guardamos nas caixinhas para o fim de um mundo com respeito a Criação.

Não quero que este blog seja assim como estes moribundos que levam 10, 20 anos para morrer lentamente agonizando e enchendo o saco de parentes, amigos e leitores, pessoas que já não aguentam mais isso. Mas, se o blog demorar um pouco para morrer e ficar com palavras escritas e arquivadas como pretende, imortalizando-se um pouco através das palavras, não leve o blogucho a mal. É mesmo difícil morrer, conforme revelações daqueles que toamram veneno. Mas, sinceramente é uma vergonha demorar para morrer para quem morre, eu acho. Por isso, felizmente é melhor um ataque repentino, uma convulsão única e morrer de amor seria lindo, lindo, lindo, pudesse ele, este romântico dispositivo à serviço da alma nem sempre aflita, mas sempre tão doida de varrer toda a casa.