Como vai o nosso homem?
Ele acorda-se bem disposto depois de um sono curto, mas restaurador. Olha enternecido para esposa de cabelos escuros e sedosos e lhe acaricia a cabeça ouvindo um murmuro de quem se percebe viva e amada. A mulher esprigüiça-se longamente, lhe abraça o pescoço e selam o dia num beijo cálido. Fariam amor, pelo visto, mas teriam de esperar até a noite. A sociedade necessita de limites e como!
O café é coisa de microondas e ele é tão gentil que prepara sua própria torrada, ela a sua, antes que a secretária chegue e saiam para trabalhar, trabalho que ocorre tanto fora como dentro de casa, muito trabalho onde se mistura entreterimento instrutivo incrementando o produto de material digitado e guardado cuidadosamente em disquetes e CDs de computador classificados em ordem alfabética, onde ela já produziu um fixário. Ela faz letras ainda, mas sabe mais Português que ele e verifica cuidadosamente o material que ele produz para seus livros, muitas vezes levando-os a editora que os publica, depois de uma segunda revisão muitas vezes com cortes impertinentes. Conversando e fazendo toda parte administrativa ela é uma esposa dedicada e esta uma razão para exigir com convicção um respeito sem lutas.
Mas, como não se pode viver nem disso e nem daquilo no Brasil ele também é servidor público a serviço da Justiça. Ela pretende o mesmo. Farão ambos parte dos inúmeros dedos da grande mão que deveria "dar a cada um aquilo que é seu". E cansados de verem seus ideais diminutos diante de tantas dificuldades, muitas vezes se irritam e discutem muito, jogando nas costas um do outro a porção do mundo que lhes cabe feito Atlas carregar nas coisas, curvadas, já em busca de quiropata, de um acumpunturista que coloque tudo no lugar outra vez e faça com que bailarinos e yogues em nós possam flemir ao vento como os bambus, sem quebrar jamais seus galhos dançando com gentileza e suavidade como se tocasse uma música relaxante talvez como as da Ênia ou um clássico de Debussy. A vida exige muito de nós e assim vamos nos aprimorando para sermos descobertos por arqueólogos, antiga civilização que não casou adequadamente a tecnologia com a anatomia e a psiquê, restando entre estas áreas um atrito, onde a dor persiste e lançamos um grito em direção a um sossego futuro quando a resposta está aqui tão próxima e tão dentro de nós.
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