Releituras
Dorothéia repassou as páginas do seu diário, do seu livro da vida e uma página inspirada aqui, outra ali, pareciam curar suas feridas, suas rasuras, suas palavras mal escritas, sua ira, insatisfação e revolta. Ela parecia uma mulher normal. Seria? Não sei...Mas, era única e tinha uma história, um passado. Quem não tem? (Tem gente que não tem não) Gostava de saber que não esqueceu algumas páginas que sabe de cor até hoje. Ao seu homem, sua alma gêmea, Eduardo, ela aprendeu de cor e salteado na ponta da língua e quando esquecia dele quase morria de saudade. Só não morreu até hoje porque saudade não mata e nem se cura a não ser por quem produziu esta mesma saudade. E então, sofria desta doença incurável: Eduardo. Mas, descobriu em seus momentos mais saudáveis : podia tê-lo de volta e realmente o teve de volta. Era ingrata para com Deus e para com a vida quando não reconhecia esta verdade e mergulhava nas trevas de si mesma. Mas, luz e sombra faziam parte do seu processo. E Dorothéia não era santa, nem má, nem monja, nem prostituta, mas tinha um pouco de várias mulheres dentro de si mesma e quanto mais se conhecia mais amava a si mesma e mais compreendia Eduardo. Queria compreendê-lo sempre mais e compreender ao maior número possível de pessoas. A arte da compreensão lhe trouxe mais saúde ao afastá-la da juventude, com seus ímpetos, seus ensaios, suas realizações, seus excessos e até mesmo de sua felicidade. Tornou-se menos impulsiva, mais racional, até mesmo um pouco mais fria, irônica, maliosa e desconfiada. E relia o seu próprio livro em que ela era personagem co-autora. Na prateleira o ursinho de pelúcia ainda a olhava com o olhar meigo e lhe pedia para dormir junto com ela, como se fosse o próprio Eduardo. Maliciosamente o chamou de Urso Eduardo. Será que ele, Eduardo, se importaria? Hoje estava tão sério para com ela. Seria assim tão sério para muitos? Mas, eu tenho um segredo para te contar: Eduardo parece muito sério, mas ele é um ursinho de pelúcia, nada sério que se transforma no homem mais lindo que já vi, no homem mais amado que já vi. Dá vontade...Nem vou dizer. Boa noite! Que vocês sejam todos abençoados! (Digo vocês inclusive Eduardo e Dorothéia, estes personagens tão...tão...sei lá...)
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