Desilusão
Mensagem telepática chegando:
_Olá , Ella. Aqui sou eu, Eliot. Gostaria de marcar um encontro contigo amanhã no refeitório no primeiro horário. Está bem assim para você?
_Sim. Está bem. Beijos!
_Beijos!
Ella exultou de alegria naquele momento. Esperava tudo de bom.
No Refeitório:
_Vou levar você até o seu curso de Negócios e durante o caminho nós vamos conversar, pois aqui eu sinto que não é o momento e o local apropriado. Ou você prefere que eu solicite um local especialmente para conversarmos?
_Vamos começar agora, por favor. Eu estou ansiosa.
_Não se iluda, Ella.
_Não...está bem. Vamos ver então do que se trata.
Durante o caminho:
Num caminho em meio as árvores, à natureza exultante em murmurinho de riachos e fontes coloridas e ao cantar delicado de muitas aves e de vez em quando um coachar semelhante ao das rãs:
_Ella, eu pretendia...isto é, eu tinha intenções românticas para contigo. Mas, agora não posso mais. Estou dividido.
_Eu quis saber, Eliot. Eu perguntei para Kathiel e para Emanuel sobre a situação da tua vida neste momento. E eu sinto muito. Mesmo assim tive esperanças. Sabe, que coisa estranha, por mais que sua mulher tenha me tratado muito mal eu me sentiria culpada se te amasse tão intensamente o quanto gostaria, sem poder ignorar grande sofrimento dela.
_É mesmo, minha querida? Pois, eu quero que saibas que não sei tão bem de mim mesmo, mas percebo que a amo de uma forma especial na qual somente você mesma ocupa este lugar de afeto em mim.
_Eu...Apenas me abraça forte, por favor Eliot! Consola-me! Você havia esquecido de me consolar a muito tempo atrás quando poderia...
_Eu posso te consolar?
_Não sei. Mas, isso pode ajudar.
E viram por algum tempo abraçados como dois irmãos; como dois amigos. A dor tornava-se, desta forma um pouco mais suportável e sentiram coragem um no outro. Ella resistiu o desejo de atacar suas orelhas e permaneceu naquele carinho casto em que apenas escorregou as mãos sobre sua cabeça e beijou-lhe lentamente uma das faces de luz quando ele resistiu afastando-se. Beijou a ponta dos dedos e soprou para ele uma mensagem quase secreta: “Vá para onde queiras, meu amor. Vá com tua alma beijada!” Não é meu aquilo que me pertence. Já nem sou mais de mim mesma. Que me importa quanto sofrimento o meu peito pode conter se é meu amor por ti a maior força que reconheço em mim e isso me faz imensa?
_Perdoa-me, Ella?
_Não há o que perdoar-te, meu querido. Só tens o que me ensinar na tua ausência assim como em tua presença. Eu o levarei sempre comigo. Eu serei o que tu és sem para isso deixar de ser mulher e de ser eu mesma. Se não te tenho mais, te sou.
_Tiau! Eu preciso ir logo antes que fique mais difícil para mim. Ajuda-me a permanecer com a minha energia integra e conserva desta forma também a tua!
Eliot viou-se de costas e se foi. Não olhou nenhuma vez para trás como Ella tinha lhe ensinado a fazer em todas as vezes em que se afastasse. Havia o perigo da fragmentação quando ficamos divididos em nossas crenças de separatividade, por isso Ella desejou do fundo do coração que um dia ele retornasse inteiro para ela, quando seguramente isso não causaria qualquer arranhão em quem quer que fosse, pois era da ordem do Amor, da Luz e da Justiça o que sentia por Eliot. Ella o abençôou para que pudesse espalhar o bem por todos os lugares onde fosse e no fundo sabia que um dia seria imensamente inundada pela felicidade deste retorno de benesses. A angústia da separação conservou-lhe a fé, por isso pela primeira vez não desesperou ao sentir que o perdia nem sei por quantos anos, por quantas eras, havia de encontrá-lo nem que fosse além da eternidade. Quando ele já andava longe, Ella gritou quando Eliot não mais pode ouvir:
_Vá com Deus, meu amor! Vá com Deeeeeeeeeuuuuuuuuuuuuussssssssssss!!!!
Agora só me resta espiá-lo de longe no meu disfarce de folhas, de algas, de núvens...
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