A foto de baixo do travesseiro dela
Causava insônia. Onde colocá-la? O coração suportaria? A caixa de madeira, uma gaveta...Mas, podemos lembra de tudo, não podemos. Sim. Acho legal ter história e não negar dificuldades do caminho, para que saibamos ao voltar pelos caminhos antigos, como velhos caminhantes mais sábios, transpondo obstáculos pelo conhecimento e tomando cuidado com os anos que se foram a preservar sutil equilíbrio.
Talvez fosse melhor tomar o floral do esquecimento: Miosótis: não- te- esqueças- de- mim ou forgot- me- not. Por que haveria eu de lembrar-me afinal? Eu te pergunto prá quê? Mas, não estou disposta a esquecer de nada propositalmente, pois já tenho esquecimentos o bastante.
Festejei os outros. Somente aos outros e dancei e cantei na chuva. Choviam homens.
Não nos reconhecemos muito em fotos. Não conversamos em fotos. As fotos não falam. E a sua me diz coisas que eu não posso entender.
Não posso mais rezar para este "santinho". Talvez por este "santinho"...Por outros "santinhos"...
Margarida guardou a foto, vai procurá-la quando esquecer como eram mesmo aqueles formatos e quando precisar comparar com outras para ver o tempo gravando em nosso corpo sinais de amor e vida, pois sabia estar escondida em algum lugar da pele dele onde apareceria. E gostaria que ele compreendesse isso e se fizesse uma cirurgia plástica que respeitasse ao menos aquele sinal em particular onde o seu nome estava escrito (Para sempre?), pois nela tudo escrevia-se e não havia borracha que pudesse apagar as marcas do amor, ilusões, paixões, desilusões, erros e acertos no seu corpo. O corpo, massa decadente, ficar mais belo, mas a alma se enfeitava toda de luxo para encontrar-se no espelho da vida.
Isso é só isso, nada mais do que isso. Deixa que tudo se vá!
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