Eliot
_Dr Eliot, a atividade que propomos para o senhor é estudo de casos jurídicos, devido a sua profissão, ou se preferir pode ser alguma atividade na esfera da Música.
_Estou pronto para um estudo de casos.
_Mas, entenda que suas atividades aqui não são renumeradas!
_Isso é uma exploração ou é algo "semelhante"?
_Nem chega a ser algo semelhante. Neste lugar do espaço em que nos encontramos não há necessidade da moeda e as trocas se operam de uma forma despretenciosa e sem cobranças. Entenda que este é apenas um corredor cósmico, um lugar de passagem.
_Isso quer dizer que eu posso voltar para casa?
_Existe esta possibilidade, porém não como um senhor já idoso que o senhor é, mas como bebê.
_Gu gu dá dá...Mas, que gracinha e onde está a minha chupeta?
_Não seria interessante colaborar conosco?
_Sim, meu amigo. Pau para toda obra está aqui. Vamos lá!
_Eis a fixa:
Fulano de Tal (não colocamos o nome verdadeiro aqui por questões éticas), brasileiro, solteiro, 40 anos de idade, servidor público estadual, e dados omitidos pela preservação de privacidade.
Fulano iniciou um namoro com a empregada doméstica Siclana, a quatro anos atrás. Engravidou esta jovem, hoje com 20 anos. Solicitou a Siclana que abortasse a criança. Como esta decidiu ter o filho prometeu que se não fizesse o aborto ele iria matar a criança. Passou a querer morar na pequena casinha de madeira de Siclana durante a sua gravidez e com certa constância a acredia fisicamente. Esta sempre na tentativa de proteger a barriga. O caso tornou-se um verdadeiro terror e Siclana solicitou aflita a patroa para que ficasse dormindo em sua residência em um pequeno quarto de empregada com banheiro anexo. Diante das circunstâncias a patroa consentiu, mas Siclana sentia muito medo de sair na rua até mesmo para buscar pão. Quando Fulano a encontrava a perseguia, gritava com ela principalmente se ela entrava por ruas mais desertas onde a população não tomasse providência, sendo que na maioria falava baixo fazendo a ela muitas ameaças. Essa situação se prolongou até que Siclana entrou com uma ação contra Fulano. Este cidadão se diz apaixonado por Siclana e diz que não suporta a idéia de dividir o seu amor nem mesmo com o próprio filho que está por nascer.
A proposta: Pretendemos uma defesa para Fulano, tendo em vista que todo cidadão merece defesa.
_E como está Siclana? Quem irá defendê-la?
_Está em boas mãos. Talvez tão boas quanto as suas, Dr.
_Eu não acredito...Este caso é sórdido.
_Me parece que já defendeste acusados de crimes bem mais sórdidos do que este, não foi?
_Sim, mas este crime particularmente me enoja?
_E por quê?
_É um crime muito covarde, praticado contra uma mulher grávida, com ameaça de infanticídio. Típico de um filme asqueroso de terror.
_Assististe algum filme assim?
_Assim como esse acho que não, mas me arrependi de certos filmes que vi. Realmente não posso aceitar...
_Não aceita defender este sujeito. Prefere algo mais leve, então? Estamos precisando de pareceres para o Direito Penal no momento.
_Ella ainda se encontra por aqui?
_Sim.
_Pois então eu quero...vê-la.
_Tem certeza?
_Sim.
_Amanhã, está bem?
_Sim. Você me consegue um violão?
_Um violão...Sim, é claro. Pode deixar.
_Depois eu gostaria de ver outra fixa. Eu me declaro insuficiente para lidar com este caso. O problema é meu, sabe? Todo cidadão merece defesa, mas eu não posso defender este sujeito. Falha minha.
_Ok! Tudo bem. Existem inúmeras outras oportunidades.
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