Estamos aqui para falar da vida ou na vida de Emenergada Ociúrus, uma ex confidente minha com seus terríveis problemas psíquicos, que em fez de procurar um psiquiatra alugou os meus ouvidos por um e cinqüenta, o preço que eu não paguei por um molho de dente de leão.
Não luatr contra as perdas inevitáveis, o destino, o porvir misterioso cujo presente está oculto. Não lutar contra o divino, mulher...
Na minha paciência eu aguardo e se pedir alguma coisa em orações peço paciência, visão e com mais visão vem mais desta luz que nunca deixou de haver para os crêem no improvável através de experiências em cobaias vivas.
Pequei em considerar alguém especial entre os demais. Não sei ainda a lição, quando sofro diante de uma porta fechada obssessivamente, resignada em não bater nela. É incrível como a obstinação de uma pessoa que pode ser chamada de obsessão faz com que ela possa fazer ou não fazer coisas que poderia fazer. Um amor bem grande e uma esperança pequenina é que me fazem nada pedir, não bater, curar um desejo insatisfeito procurando devorar minha vida e retirar-me energia para estar aqui e fazer as coisas que devo fazer. Vocês não ficariam achando isso um absurdo, o que lhes digo, se o tivessem visto, ele é lindo.
Se ele tivesse lido oFreud escreveu... Freud escreveu e há uma edição na belíssima Língua Espanhola que se misturou ao Italiano e ao Hebráico para resultar no Sefaradi, que os obsessivos são aquelas pessoas que acabam fazendo o que não gostariam de fazer de uma forma compulsiva. Ela leu isso e percebeu que passou quase vinte anos, compulsivamente pensando nele sem nunca ter lhe telefonado e então chegou ao mundo a internet. Chegou a casa dela a internet. Ela ficou iludida como uma selvagem aborígene como se já estivesse tendo outra encarnação e procurou por ele. Acho que iria falar com ele no tal de aparelho quadrado retangular com poucos dispositivos redondos e um em forma de camondongo. Qual nada. Quase jogou tudo fora, pois se não fosse para falar com seu amor para que servia aquele monte de carcaça inútil. Mas, não. Para consolo de sua alma aflita, daquela televisão diferente também saia amizade e ali ela podia pegar vírus sem precisar ficar resfriada e tossindo nunca mais. Mas, estavamos falando de Freud e nunca li a respeito quando ele teria previsto na sua admirável inteligência paranóico crítica como a humanidade ficaria cada vez mais fria em sentimentos e emoções correndo um risco de perder completamente a compaixão de uns pelos outros, incrementando a vaidade pessoal, sofrendo e fazendo sofrer em meio ao crescimento do dinheiro nas mãos dos ricos que coitados, não poderiam comprar quase tudo. _Cedo a criança ouvira da mãe que infelizmente aquele menino que ela gostava não poderia ganhar de aniversário como uma de suas bonecas. Que pena!
A história desta mulher é muito triste e sem graça, pois paranoicamente falando ela costumava achar que o azul do céu era assim tão azulejado para rir da sua fisionomia carrancuda. Quem um dia de manhã não se acordou com um lindo céu azul e passarinhos a cantar na sua janela e não achou que tudo aquilo era pilheria diante de uma vontade de enterrar o corpo todo na areia movediça. _Opções a)Não?!? Não porque você não conheceu ele, o cara. b) Sim? Oh, alma vivente, saibas que não estás só neste mundo. Vamos formar uma confraria para juntar nossas lágrimas e com elas regar todo o sertão nordestino._ E foi ficando fria. Não entendendia como podiam ser os e-mails tão românticos como aquele em que a Clarice Lispector sentia saudades até mesmo da sua própria sombra. Porque ela, nossa personagem de nome exótico, tinha alguma saudade dos de perto que foram para longe, mas principalmente dele. Mas, o problema é que não dava literatura, pois a saudade dele era feia, triste, com a pele muito branca e pálida de uma velha sempre vestida de negro como aquelas figuras tradicionais da própria morte. Telo perdido em vida era pior do que a morte de outras pessoas. Ninguém achava bonita aquela saudade mesmo e nem ela. Bonito seria mudar a página deste capítulo e passarmos para aquela página onde tudo se resolve. O que não for resolvido, resolvido está. Mas, cuidado, pois Amélia morreu foi de fome!
O marido veio lhe perguntar se ela voltaria para o dito cujo. Mas, que pergunta! Não sei era a resposta. Pergunta-se sobre uma hipótese impossível numa pergunta construída por um sentimental, um romântico incorrigível. A vida é uma pauleira. Uma das coisas que me prometi e fiz muitos jovens compreenderem isso é que não quero nada, absolutamente nada a qualquer custo. Não há nada porque lutar. Se eu estou aqui para viver, por mim que eu morra quando for preciso e procure ser feliz. Não quero mais o trágico. A pergunta feita várias vezes pelo esposo destruia tudo como um vendaval e no outro dia não dava vontade de abrir os olhos.
Explicou a ele que não queria produzir o trágico para facilitar-lhe a vida. Explicou ou deveria explicar que a resposta mais certa para muitas perguntas é um humilde não sei.
Estamos insatisfeitos: todos. Mas, se alguém está satisfeito nesta história, muito bem: clap, clap!
Depois de anos e anos de existência e algumas rugas descobri que qualquer insatisfação a mais de quem quer que seja é contraproducente. Não gera nenhum lucro fora do comércio e o comércio precisa se adaptar e mudar neste sentido. Por exemplo: não devemos exitar demais o paladar e tudo o que é delicioso faz mal ou engorda. Embora meus filhos excedam a natureza humana e não se tornem desta forma inapropriados.
Porque eu fui gostar demais de ti, gritou ela encerrada no quarto batendo repetidamente o rosto sobre o travesseiro de uma forma aflita durante o domingo quando deveria ter varrido a casa?
Tomou todas as atitudes, inclusive a mais catatônica. Abraçou os joelhos num gesto típico de uma demente e ficou parada sem piscar esperando que Eros, o seu deus viesse buscá-la quando por ali batesse o vento Séfiro e então eles voariam pelo Céu. Mas, isso não durou muito. Ouviu uma voz que dizia: Mãe! E foi acudir. A criança quase se queimara no fogão.