<p>******)FILHA DO SOL E DA lUA(******</p>: June 2006

Friday, June 30, 2006

Gerundismo no suicídio

_Alô, aqui sou eu, eu estarei me matando em questão de poucos minutos. Se você quizer me ver ainda vivo venha correndo. Estarei esperando.
_Procure evitar o gerundismo na Língua Portuguesa! Você já escreveu a carta de suicídio?
_Sim. Espera aí um pouquinho que eu vou buscar:
Estou me matando porque você não me ama mais.
Teu amor era tudo para mim.
Aqui citei Vinícios:
"Eu sem você não tenho por quê (...)" Etc.
Se você tivesse vindo rápido eu poderia estar vivo, mas resolveu tomar banho antes; eu sabia! Resolveu se maquiar, colocar perfume, fazer escova nos cabelos e pintar unhas de vermelho.
Eu aqui me matando e você se enfeitando.
Se um dia você perceber alguém puxando as suas pernas este alguém sou eu.
Prometa para o meu cadável que você vai ficar aí chorando e não amará mais ninguém até que venha te buscar, oh, baby!
Não te esqueças de mim, jamais!
Beijos gelados!
_É, tá interessante teu texto. Se eu não chegar a tempo a culpa é toda tua. Eu viverei,casar-me-hei com outro e serei feliz.
_Não, por favor, não faça isso. Eu estarei vivendo. Não estareo mais me matando. Devo admitir que meus planos não estão dando certo. Farei outros, me aguarde! Não pense que sou carta fora do baralho, não pense que não sei fazer marketing, não pense vou morrer de vergonha e enfiar a cabeça embaixo da terra. Porque você acha que vivo? Quem tá vivo não tá morto não.
_É. Só que não adianta chantagem. Eu não te quero mais. Tenho outro melhor do que você.
_Então você vai ver quem você está jogando fora.
_Eu posso até ver, mas só se for em alguma telinha.
_Pois que seja!
Procure evitar o gerundismo na Lingua Portuguesa, baby!
O pior não são os telefonemas de suicidas semi-analfabetos, não, o problema maior são as cartinhas de suidídio mal redigidas. Depois todo mundo fica falando...Credo!
_Tá, e o "porto-alegrês"?
_Não sei. Já vou indo.

Yes, I Will

She said she will. She will, she will, she will...
and forever

Use o futuro simples do Inglês para promessas para o futuro:

  • I will take care with miself, I promisse.
  • I will not drink alcohol drinks. I promisse you.
  • I will survive.
  • I won't comite suicide.
  • I will respect you.

I promisse all this Things for you, baby.

For somebody that loves me or somebody that I love I promisse all the way.

*

_Você promete que não vai mais se machucar por gosto?

_Prometo.

_Você promete que não vai mais ligar para mim?

_Sim, eu prometo.

_Você promete não fumar, não roer unha, não tomar muito café?

_Sim. Juro.

Embora todos os contratos tenham prazo de validade contigo eu fiz contratos permanentes. A eternidade destes contratos me causa incômodo. E o sol sem você é apenas o sol. Não chega a ser um sole mio. Mas, tudo bem, eu prometi afinal. E o que você não me pede sorrindo que eu não faça chorando? Ah...por falar nisso você também me pediu outra promessa:

_Promete que vai ser feliz!

_Claro, pode deixar. Eu prometo. "Felicidade é quase nada".

Eu enfim fiquei assim como um político em véspera de eleição, claro. E sabe que até não estou me saindo muito mal nisso. Eu me sinto uma pessoa mais livre que as outras. É uma liberdade interior. Eu aprendo isso. Eu reforço isso. A liberdade para mim é conquista também. Imagine a liberdade que um pessoa precisa para estar escrevendo estas coisas que me libertam? Eu tive de trabalhar inclusive a minha insegurança e a vaidade pessoal para me expor dessa maneira. Eu sentia que queria me libertar. Usava muitas vezes meus filhos como desculpas para me esconder como uma lesma na concha. Mas, meus filhos estão crescendo e eu ensino a eles a se livrarem dos preconceitos sociais. Eu quero que meus filhos me conheçam por inteiro, embora eu entenda que eu seja uma carga pesada para adolescentes. Os adolescentes gostariam de serem eles os rebeldes e em alguns casos é como se eu roubasse o espaço deles. No próprio cabelo a gente vê isso. Quando um dos meus moços fez um estilo no cabelo eu passei a máquina quatro na cabeça. Talvez inconscientemente eu esteja competindo com eles assim como minha mãe inconscientemente compete comigo de forma sutil e que não tem maiores implicâncias. Eu espero não fazer mal para meus amores, enfim, para nenhum deles. Eu prometo. Se eu fizer alguma coisa errada serão coisinhas e não coisonas, eu prometo!

*Se vais ao sol use óculos, baby para evitar as cataratas que não são as do Iguaçu! Sério, a coisa não está mole.

_"Não é mole é tirar pele de pêssego duro".

Presa dos ditados e daquilo tudo o que já foi dito, fica difícil a gente reinventar a roda quando é preciso. Sim, é preciso. Por isso sou o voto disidente nas unanimidades não absolutas. Afetei todo teu ser por um detalhe como aquele fiozinho de cabelo que insistia em arrepiar todas as vezes em que te acordavas e não queria baixar nem com um pote inteiro de gel. Só não fui a mosca da tua sopa porque a sopa era do Raul e a mosca de todos nós. zzzzzzzz

Thursday, June 29, 2006

As idades da loba

_Dorothéia, leia issa matéria aqui. Quero que você entenda, pois acho que é mais ou menos isso que acontece no amooooooooor:
"Por: Priscila de Faria Gaspar*
*
A mulher aos 14 anos
Quando a menina se apaixona aos 14 anos acha que já é mulher, sente-se leve e flutuando. Tudo parece estar maravilhoso e ela acha que essa sensação não vai terminar nunca. Nesta idade a mulher idealiza, fantasia, cria cenas incríveis na imaginação, cenas que nunca viveu.Aos 14 anos ela tem medo de encontrá-lo, de telefonar, de dizer que gosta. Teme que ele perceba o que sente! Ao ser rejeitada, chora, se desespera e pensa: o que fiz de errado? Pensa que o problema está nela, acha que a vida acabou, pensa que nada dará certo nunca. Daí, enxuga as lágrimas, dá uma ajeitada no cabelo e vai para balada com as amigas. Ela fica olhando todos rapazes que aparecem para ver se encontra outro igual a "ele". Sente-se um lixo porque ninguém se compara a "ele". Cada vez que se apaixona, pensa que encontrou o homem com quem ficará até o final da vida.
A mulher aos 40 anos
Quando uma mulher de 40 se apaixona, sente-se de novo uma menina. Flutua, leve, tudo parece ser maravilhoso, mas sabe que é apenas mais uma ilusão, e que vai passar! Ela idealiza, fantasia, cria cenas incríveis na imaginação, quer repetir o que teve e perdeu, quer viver o que ainda não viveu...Aos 40 anos, faz de tudo para encontrá-lo, telefona e diz que gosta. Faz questão de que "ele" saiba o que ela sente! Se ele não a quer, chora, se desespera, e pensa: o que há de errado? Mas sabe que o problema é dele! Sabe que não vai encontrar outro cara igual, mas precisa se distrair para esquecer...
Se rejeitada, enxuga as lágrimas, dá uma ajeitada no cabelo e vai para o shopping. Sabe que não tem cara nenhum na loja de roupas femininas, mas precisa se distrair para esquecer. Ela entra num site de relacionamentos e tenta descobrir a identidade secreta "dele". Sente-se o máximo porque percebe o quanto é capaz de despertar o desejo neles!
No texto acima, comparamos a reação entre mulheres apaixonadas e rejeitadas aos 14 e aos 40 anos. Obviamente, a forma generalizada é apenas ilustrativa! Cada mulher reage de um jeito! No entanto, o que se observa é que, com o amadurecimento emocional, a auto-estima aumenta, o que certamente favorece as mulheres mais velhas ou, no mínimo, aquelas que se conhecem melhor e, por isso, amadureceram mais cedo. Com o passar dos anos e das experiências, passa-se a idealizar menos e a ter expectativas mais realistas em relação aos outros e a si mesma. Ou seja, o sonho e a fantasia existem, mas a mulher madura tem o pé no chão e sabe o que pode esperar de um relacionamento de verdade. Dessa forma, tende a se decepcionar menos!Maturidade emocional não tem nada a ver com a qualidade da emoção ou da paixão, mas faz muita diferença na forma como lidamos com as perdas. Quando rejeitada, a mulher imatura atua como se perdesse parte de si. É como se um pedaço dela -- o que ela investiu na relação -- fosse perdido. A maturidade emocional traz a grande vantagem da pessoa não se perder mais ao perder o outro. Sofre-se pela perda do objeto amado, mas não se perde a si mesma!!!! Amadurecida, a mulher pode estar triste após um rompimento, mas está inteira!Ao contrário do texto que você leu no começo deste artigo, não tem idade certa para amadurecer. É claro que existem adolescentes que reagem de forma mais madura, em função de vários fatores: experiências anteriores, tendências de personalidade, menor grau de carência afetiva etc. Da mesma forma, existem as mulheres de 40 totalmente imaturas emocionalmente, que reagem ainda como menininhas. Passam de uma paixão a outra sem entrar em contato com a realidade. Vivem no mundo das idealizações: das fadas e dos príncipes encantados.
E você?"
*
_Puxa, da onde você tirou isso tia?
Daqui ó (Acorda que é um linque!)
_Ah, e você respondeu a pergunta?
_Não minha querida eu me senti muito rejeitada mesmo, porque só quem é do ig que pode responder essa pergunta.
_Sujeira!
Acho que pode ter a ver se bem que eu ainda não cheguei lá para dizer. E você o que acha?
_É mais ou menos isso, ou quase. Uma mulher aos quarenta sabe que pode sublimar melhor os sentimentos e o desejo sexual que deve até ser bem menos, embora não se queira admitir.

Na terapeuta floral

_Finalmente você aceitou se tratar, então?
_Eu aceitei, mas é só com esse médico.
_Ele não disse nada inapropriado para você?
_Se disse eu relevei, porque ele está muito bem intensionado.
_Então, a intensão é fundamental e eu não digo que tu sejas ou estejas paranóica, mas és muito desconfiada.
_É, eu sou...
_Tá tomando direitinho os florais?
_Sim, e eles são necessários para mim. Voltei a sentir esperança. Hoje eu vi uma poesia do Mário Quintana sobre esperança, algo mais ou menos assim: "essa louca chamada esperança..."
_Você acha a esperança louca?
_Algo fora do comum...

No analista

_E alguma vez você disse a ele que iria tentar suicídio?
_Não.
_Como você disse a ele que iria se suicidar, então?
_Minhas atitudes anteriores diziam isso. Isso que eu chamei de dizer...eu disse...etc.
_Você escreveu algo antes de tomar aquelas caixas de remédio e algo assim?
_Não, eu não escrevi nada. Sei que é muito decepcionante ficar fora das pesquisas. Mas, se eu tivesse escrito algo seria numa folha de caderno e com caneta bic azul escuro de escrita gordinha, das comuns enfim.
_Para mostrar a pessoa simples que você é?
_De alguma forma eu sou muito simples. Gosto das coisas comuns, das marcas de tradição, de calça jeans, camiseta, torrada só com queijo, um jeito básico de me me apresentar socialmente. Acho que os suicidas que usaram caneta bic gostavam de ser assim também. Pode ser. Nem tudo nestas pesquisas deve estar errado.
_E você quer me dizer que não odeia este homem e não sente vontade de se vingar dele?
_Eu amo, não chego a odiá-lo mesmo quando penso mal dele eu acho, não chego a repeli-lo a execrá-lo, não chego a querer vê-lo longe de mim, não sinto rejeição.
_Você sente medo.
_Sim, um medo vago que ele possa me atacar de alguma forma.
_Você o atacaria de alguma forma?
_Até certo ponto e para me defender acho que sim.
_Você destruiria a vida dele?
_Não.
_Você o ajudaria se ele precisasse e de alguma forma quizesse contar contigo?
_De alguma forma sim.
_O que você quer dizer com de alguma forma sim?
_Quero dizer que eu procuro proteger o meu ego.
_Você se sente preparada para receber alta?
_Não. Eu me sinto muito apoiada e forte com as suas perguntas, Doutor. Foi difícil encontrá-lo entre tantos médicos.
_Vamos encerrar por hoje e felicidades para você!
_Prá você também. Mas, eu posso lhe pedir uma coisa?
_Na próxima cessão eu gostaria de falar um pouco sobre o momento presente.
_Está bom, isso pode ser um bom sinal...
*
Fui para casa atravessando um caminho com muitas árvores frondosas, cheiro de terra e musgos_não vejo mais gnomos. Eu podia fazer a meditação do cadáver do budismo, me imaginar como um defunto, mas não tinha mais vontade de fazer isso. Eu senti vontade de não fazer nenhuma meditação no momento, apenas um trabalho de cura, "A limpeza dos 21 dias" da Vera Ghimel, contitnuar tomando meus florais e usando aromoterapia. Eu estava super bem tratada. Desejaria algo assim para todas as pessoas que precisam. Que elas possam ter o que necessitam! Hoje uma mulher de olhos úmidos me contou na rua sobre sua filhinha atropelada. Eu abençõei aquela criança, aquela mulher que Deus enviou para mim. Todos merecem. Eu pensei naquele homem com carinho, mas ainda teria de limpar alguma coisa naqueles canais, alguma tristesa, algo mal acabado que me une a ele além do carinho que sinto, da vontade que também sinto de ser feliz que ele me garantiu quando me disse que era feliz. Há um Deus julgador e um Deus compaixão e ele não gostaria de saber que toma em mim o lugar deste Deus julgador num aspecto dual. A compaixão que eu gostaria de obter não está num ser humano. Eu acredito que eu tenha colocado muita carga nos ombros deste amor, eu sei. Fui libertada de continuar fazendo isso e portanto tive de provar do remédio amargo da cura.

Wednesday, June 28, 2006

Não dá tempo de costurar

Nosso tempo na terra é curto para isso, para aquilo e para aquele outro, para que façamos mal feitas as coisas que se fizemos menos poderiamos fazer melhor.
Mãos a obra.

E obrigada

pelos trabalhos repetitivos também,

D'eus!

Pretendo deixar alinhavado em mal traçadas linhas, mas quero que você leve um pouco de mim contigo.

Revisão de texto e ...

_Como revisor estou muito confuso com esta história da Dorothéia. A Dorothéia não era uma menina orfã criada pela tia?

_Sim, era também uma boneca. Era criança, moça, mulher...

_E quem seriam estas outras pessoas sem nome?

_Estas pessoas têm vidas paralelas as de Dorothéia. Deixa que venha o que tiver de vir. Foi isso que esta mulher estranha me ensinou.

_Ah...sim. Nem tentem entender, viram?

_Sem maiores explicações...

Pesquisas

Tem uma coisa que me irrita neste meu livro de Inglês, sabe?
Os ingleses fazem pesquisa disso ou daquilo e se eu for lá para Inglaterra tenho medo de virar cobaia. Tem um nome para cobaia humana...guinea...não lembro agora. Você lembra?
*
Não eu não acredito em pesquisa. Abomino as pesquisas feitas com o sofrimento de animais. Os seres humanos se prestam para que o doutor possa ter testemunha das suas idéias, da sua tese, caso em que se ele for um bocado inteligente irá consegüir provar mesmo que não correspondam a realidade. Isso porque, Eduardo, realidade a gente faz, a gente cria. Os olhos do observador fazem a diferença.
*
Já foi descoberto muito. Agora precisamos salvar o que foi destruido pelos descobrimentos.
*
Interesses e ser, duas coisas que em alguns casos se opõem. É preciso tomar cuidado.

Ele não disse isso

_Eu tenho muita raiva de ti pelas coisas que você fez comigo. Eu tenho muita raiva de ti por você ter tentado se matar e ter dito que foi por minha causa. Tudo isso me fez me decepcionar contigo.

Hoje fizeram um estudo sobre as pessoas que tentam se matar. Elas podem querer com isso vingança, o que é que você acha disso?

_Acho que não. Eu acho que quem tenta se matar por ser rejeitado é porque se sente rejeitado e abandonado e isso faz desesperar quem não tem muita filosofia, quem não tem fé.

_E você tem?

_Sim, eu tenho eu mudei. Eu nunca mais tentei me suicidar depois da juventude.

_E sentiu vontade de morrer.

_Não. Hoje eu tenho outra concepção da morte.

_E qual?

_Morrer são fases. Há fases em que a gente morre. A gente fica no escuro. A gente não cria nada. Não criar nada para outra pessoa pode ser aceitavel, para mim é morte.

_E então como se procede nestes casos?

_A gente dá aquilo que acha que não tem.

_Mas, isso é impossível.

_Pois então eu faço o impossível e como você sempre disse com carinho: eu não existo.

_Você não existe?

_Claro que não. Tudo o que eu escrevo aqui é ficção. Nem esquenta!

Plans for the future

_Meu filho é obrigação dos pais alertarem os filhos.
Esta moça é psicótica.
_Sim.
*
_Você sabe de quem se trata o meu filho? Um gênio, uma pessoa brilhante, com um futuro brilhante e você quem você pensa que é?
_Nada. Não sou nada.
*
_Você sabe que meu pai e minha mãe estão contra ti?
_Ah...é mesmo, não parece. Por quê?
*
_Eu estou em dúvida se caso contigo ou com a outra. Quais são os teus planos para o futuro?
_I'm going or I'm going to.
*
Chegou a hora deste moço casar, ele está quase formado e é muito bom que ele se case com uma pessoa normal. Normal, entenderam? Mas, qual era o problema da mocinha em questão: não sei. Mas, ela não parece muito normal se a gente olhar bem prá ela, se ler as coisas que ela escreve, seus desenhos, seu cabelo. Seus olhos tem dias que brilham e outros não. Seus olhos tem dia que estatelam como ovos fritosm, noutros adquirem um jeito sapeca, noutros ficam ternos e profundos como um lago. O problema maior dos olhos, por falar nisso, destes olhos, particularmente é que eles enxergam os teus pensamentos.

A tua plantinha

Eu vou ficar aqui como uma planta deste jardim. Nunca devo sair daqui,
eu amei a fachada modernista,
o relógio cuco,
o Baile na Roça do Renoir com aquela menina sempre olhando segura para mim,
Os ocres, os verdes, os marrons,
os beges.
Eu gostei daquelas tortas que fazem mal,
do cheiro de baunilha e chocolate,
do beijo de moço.
Eu não saio mais daqui e quem me tirar daqui vai levar uma
mordida porque sou um planta carnívora enorme, poderosa e forte.
Eu tenho tragetória, vai ser muito difícil vocês me tirarem daqui.
Meu perfume ainda deve estar naquele quarto
onde a cortina leve balança ao lado da moça nua que vive tomando vento.
Que venha um exército me tirar desse lugar
que eu não saio, eu mordo, eu juro.
Eu me agarrerei nas tuas pernas e farei muito peso.
Pode chamar o meu pai, sim que o meu pai
não pode comigo, nunca pode. Minha mãe vocês não chamariam porque minha mãe é filósofa e pode estragar os planos de vocês.
Não é por estar assim tão monstruosa e deformada que eu sairei
daqui desta casa onde nunca sobra nada na
geladeira e não tem nada de baunilha para se comer no momento,
nada e chocolate, nem um beijo, nenhum abraço, nada, num dia de aniversário e nada,
mas eu sei que estas coisas se produzem, é só aguardar pacientemente,
por isso saibam que as minhas
raizes são tão profundas como as dos baobás e crescerei a sombra com a
beleza das orquídeas.
Porque afinal, certas pessoas não apreciam os casos mais raros?
Quando eu ficava naquele quarto eu não apenas fazia sexo ali dentro, eu fazia carinho, eu fazia amor.
Eu não conheço as minhas prisões.
Não quero ficar aqui neste jardim frio e úmido.
Não quero mais comer tortas de farinha branca,
Não quero mais misturar baunília e chocolate às amizades frágeis,
aos preconceitos, a essa crença tão brasileira no poder do dinheiro e do poder. Não quero que levem para uma clínica de dentes mentais
quando me mentiram que vão apenas me fazer uns exames. Não quero mais morder o braço de ninguém que me agarre para me levar a força para casa me metendo dentro de um carro.
Naquele jardim acho que nem
bate muito sol, rente ao muro. As grades hoje protegem tudo como um enorme presídio, pois os dias não são seguros neste país. As façadas modernistas são antigas e naquela plataforma quando que te perguntei porque não ficavas comigo, me respondeste com outra pergunta: o que eu faria da vida. "O que você quer ser e não sabe até hoje?" Não lembro o que eu estava estudando, não lembro se estava com alguma faculdade trancada. Estranho, não lembro mesmo...Me perguntaste o que eu fazia na Letras a anos atrás. Eu lhe respondi que queria ser escritora. Achaste uma grande pretenção. E me disseste como o seu pai já havia me dito que tu és um "brilhante" eu não. Não sou mesmo. Eu sou destas flores que nascem à sombra como as orquídeas. Quizera ficar presa no teu jardim. Muitas vezes eu adoeci, por isso não tenho um futuro brilhante, mas eu escrevo, mas eu desenho, canto mais ou menos, faço comida, todo o serviço de casa, e tu nunca vais precisar de dinheiro, tu és um homem rico que me libertaste daquele jardim inóspito, entre espadas de São Jorge, entre samambaias e se haviam cores ali além do verde, do bege, do marrom, eu não sei. Porque não vejo outras cores na vida.
Eu sou uma planta de meia luz, meia sombra. Por isso amo a tua boca e moraria dentro de ti,
se eu fosse gripe viveria te pegando.
Quando abriste minha gaiola eu não soube voar. Até hoje ainda bato minhas asas e faço alguns ensaios, depois tombo no chão estatelada,
presa ao teu vulto, ao vulto da tua mão que parece prometer carícias e migalhas, pela força da propaganda, marketing... Então vejo o que posso fazer para vender meu peixe também e sou charmosa, não bonita, nem nunca, podendo ter charme às vezes. Não somos melhores ou maiores uns que os outros e para onde quer que sigamos isso deverá dar certo, pois há sempre um lugar lindo para se viver. Fui obrigada a sair do jardim e da ilha e desatino um pouco quando percebo que o mundo se abriu para mim, o mundo todo, a rede, e,
sinceramente eu desesperaria se não fossem tantas as minhas tocas, os meus esconderijos,
bem mais seguros que o jardim do prédio onde tu vivias, onde eu não era querida e nem fui desejada como as pessoas "normais".

Tuesday, June 27, 2006

Someday

I'm going to meet an old friend of mine.
or
I'm meeting with an old friend Tomorrow.
But
Plans for the future are basic.
Will he meeting with me at a determined day of some year at some place.
It's just my pray.
And we will have been in Peace.
It's just my dream. It's for you, and it's for me, Eduardo.
*
She writed it and close de notebook. She belives in something magic, in something good. She was happy. She sings a song, an old song...

Eduardo escreveu no seu diário

Eu hoje gostaria de ter todas os tipos de mulheres, as granfinas, as caipiras, as artistas, bailarinas, cantoras, as donas de casa. Não tenho todas elas pois se tivesse a minha doce esposa deixaria de ser doce para ficar muito brava.
Não gosto de ver minha doce esposa brava. Prefiro os ambientes tranqüilos.
Uma mulher brava é capaz até de entrar com ação na justiça e deixar alguém na ruina, na amargura. Tem mulheres bravas que fizeram homens beber, mas eu nunca fumei, nunca bebi, mas posso dizer que sempre transei. E dizem que sou bom de cama.
Obs da autora dele: Sim. Ele é muito bom nisso. É muito bom de cama. Ou pelo menos foi. Acho que estilo, no entanto, não se perde. Ele muito viril, generoso, protetor no sexo. Preocupa-se em agradar mesmo quando está absorto no prazer. Ele lê sobre como agradar. Tem o corpo muito bonito e harmonioso. Sabe entregar-se e preparar a entrega da parceira que entrega-se viceralmente e toda para ele. Eis aí o problema. A parceira deste homem é capaz de entregar-lhe a alma e isso pode não ter mais volta. Fica muito complicado. Dorothéia que o diga.

Vão casá

_Eita, José. Com é que tu tá home?
_Tô, bem num sabe, tô casando minha fia com home muito importante que vai dá tudo o que ela qué.
_E o diacho é muito feio?
_Eita, pior é que não é. O bicho é danado de pomposudo. Tem uma pinta de dotor, que as guria tudo come nas mão dele. Esse é problema. E tem uma tal de Dorothéia que num larga o pé, mas vamo dá um jeito nela.
_Que jeito?
_Vamo deixa essa mulher loca de veiz. Já tem até até psiquiatra. Mais um pouco ela já tá varrida. A Cristiny casa e nóis arresolvemo tudo o problema da familia, doença, remédio, botera.
_É um golpe do baú, então?
_Não. A guria gosta dele. O home é genro mesmo. Nóis só tamo fazendo um pouco de doce prá num dá de bandeja.
_Ah...Então vai tê casorio. Confida eu e a famía pros doce.
_Tá. Isso se eles num fugi prá as Europa. Ele anda loco prá come ela e num comeu inté agora. Hi...hi...
_Eita, que parece que felicidade só dá nos quintal dos otro.

Eita!

_Dorothéia, ajeita a coluna! estufa o peito! Olha firme! Prá frente, mulher!
Isso menina! Não pode sair por aí parecendo um saco de batatas pela metade.
_Ai...tia, eu tô sem ânimo.
_Teu ânimo não se chama Eduardo.
_Como se chama meu ânimo, então?
_Animus.
_Sabe de uma coisa?
_Fofoca?
_É...
_Conta!
_Sua rival, estava toda vestida de grife, saia justa nos casos num jantar muito chique da alta socity e derrepente ela alguém lhe fala firme e ela solta um "EitA". Você sabia que ela costuma dizer eita?
_Não. E ele o que achou.
_Ficou muito constrangido. Pigarreu para chamar a atenção sobre si e disse que tinha lembrado de algo urgente. Levou a madame para casa e disse que isso não se justificava. Acho que ele disse para ela que se soubesse do Eita teria casado contigo.
_Ele não gostaria de outras coisas.
_Mas, você não diria Eita nem em casa tomando sopinha.
_Nem falar. Eu prefiro dizer nome feio do que dizer eita.
_Você acha que dessa vez ele acordou?
_Não. Mas, ele lembrou de ti, pensou em ti. Teve novamente o seu bom conceito sobre ti, aquele conceito que talvez em muito ela estragou ao se fazer de vítima das tuas investidas.
_Eu não estou jogando esse jogo?
_Será mesmo que não?
_Não sei não, tia...
_Então anime-se. Quem sabe teu Animus possa deixar de se chamar Eduardo para se chamar...
deixa prá lá...
_Aquela caipira.
E assim Dorothéia ajeitou a coluna, respirou fundo, encolheu a barriga, olhou bem para frente e firme, colocou o seu chapeu de abas largas de palhinha com rosa lilás e faixa de seda. Subiu nos cascos. Colocou os óculos de sol de coruja. Eita não, por favor!
Obs: Não tem nada demais dizer "eita" e não deve haver preconceito quanto a isso, mas que eu acho que eita é uma palavra muito feia, isso é. E Eduardo também acha. Nós nos gostamos de "eita" coisa nenhuma. Porque não ohhhh, owow, "Putz", tantas palavras poderiam substituir o eita, mas ela é ainda pode matar o meu amor de vergonha.

Monday, June 26, 2006

Eu sou inocente!

Ele achava que poderia ou deveria ser processado ou processar. Ficava procurando palavrinhas aqui, palavras não muito românticas ali, etc. E não sabia com quem estava lidando.
Ela estudou Direito, não na faculdade, mas em casa por causa de um explorador e teria em primeiro lugar muita preguiça em processar alguém, teria um ataque cardíaco ao processar a ele, o seu amor, ex marido com quem co-habitou em uma linda residência de fronte ao rio Guaíba quando de quando em vez batia uma brisa e exalava-se no ar o mais doce perfume, podre de poluição...
Bom. As pessoas hoje em dia não conversavam mais e tinham muito medo. Eles não conversavam mais, pois ele precisava cuidar dos seus oito cãezinhos de estimação e passear com eles após trabalhar muito. Ele usava estas sacolinhas e pás para as necessidades, porque Eduardo é um homem bem ecológico.
Aquele livro que ele escrevera utilzando a história de Dorothéia, utizando sua obesidade transitória, suas crises de ciúmes e lágrimas fizera algum sucesso na mídia. Ele havia guardado as lágrimas dela em vidros para no caso de escrever um livro utilizá-las e eram lágrimas de chorar por ele, vejam bem! Por isso é lógico que temia ser processado, por injúria grave provavelmente. Há, como a havia injuriado, isso sim. Quizera tivesse a injuriado mais a ponto de sentir enjôo e o mandar longe, de não querer saber dele nunca mais. Ela também o injuriou e muito. "Quem desdenha quer comprar." E quem desenha me parece que pode querer vender.
Uma vez ela o xingou ao telefone e ele disse que "quem desdenha quer comprar". Ela não conhecia esta expressão. Suas expressões: "Você precisa aprender a vender o seu peixe" e "Quem desdenha quer comprar" me parecem jóias da sabedoria mercantil. Mas, ele só disse isso quando estava com raiva e se defendendo caso contrário abaixo às frases feitas, porque a professora lá do meu colegio não gostava e ensinou prá gente que isso era feio. Feia é ela. Essa boba!
Ela também escreveu seu livro sobre ele. Quando os dois leram um sobre o outro não apreciaram algum realismo. Quem não iria gostar de um livro bem romântico sobre si mesmo afinal? Ela escreveu sobre os seus defeitos e ele sobre os dela. Mas, havia amor também, pombas!
O processo da vida era inevitável. Ele vendo se precisava processá-la. Ela tinha medo que ele a processasse também. É que ele nunca tinha processado ninguém provavelmente, por isso não sentia tanta pregüiça e stress só em pensar.
POR ISSO EU DECLARO AQUI SOLENEMENTE QUE EDUARDO É INOCENTE DO QUE SINTO, DE TUDO O QUE SINTO, DE TUDO O QUE ESCREVO, DE TUDO O QUE LEIO.
Não me processe, senhor "d-vogado", por favor também, porque eu acho esse homem muito...
Muito de tudo, pouco de nada... Ele é só um persongem. Um personagem galã. O Eduardo é muito bom sabe, eu até me casaria com ele, eu juro. Ele é só da mulher dele, viu? O resto é só fantasia, ah...mas é tudo o que tenho.
_Agora, olha aqui, o Eduardo, se você me atacar eu me defendo e olha que eu sei me defender muito bem, ouviste?
_Ouviste?
_Digo: Leste?
_Não tenho medo de ti.
_Nem eu de ti.
_Nem eu quero que tu tenhas medo de mim.
_Nem eu quero que tuuuuuuuu tenhas de mim.
_Vai escrever sobre outra.
_E você vai escrever sobre outro?
_Eu já escrevo sobre vários, você é que não percebe.
_Ah...Aprendeu comigo a fundir multidões. Mas, está mal viu. Eu achei que tu andas muito auto-biográfica.
_E bem mais inofensiva do que você, seu linguarudo de teclado!
_Liberdade de expressão, tá?
_Eu não deveria ter inventado você.
_Ícaro onipotente!
_Medusa!
_Cansei. Vamos parar com essa discussão chata, ou os leitores não virão mais aqui.
_Tá, vamos tomar um café.

Tudo isso ela "faz-eu"

Não tinha mais medo de chocá-lo ao ser ela mesma e
ousou tocar sua música em seu
próprio timbre.
Ousou escrever seu poema com erros de Português
ao passo que o coloria com indiomas
variados.
Ousou expressar-se e fazer coisas que ele considerava muito loucas, mas que
eram mágicas e santas.
Dançou sem ter curso de formação em balet clássico.
Cantou e tocou com aulas básicas de acompanhamento ao violão.
Ergueu as pernas para cima na posição da vela na yoga
e apropriou-se de seu sonho, de seu passado e até mesmo de bom pedaço da Eternidade
com quem se comunica todas as noites.
Viveu. Viveu muito e ainda vive vegetarianamente.
Tinha dúvidas se ele, a quem tanto amou queria que ela vivesse mesmo, ou morresse, mas
ele lhe pediu que vivesse e não desistisse de viver. Talvez não fosse apenas para
não desconfiarem dele em caso de suspeita de assassinato ou suicídio ou indução a este, crime um pouquinho grave. Ele pensava em tudo. Tinha essa pretenção de achar
que poderia controlar tudo. Será que ainda tem?
Acho que não mudou. Acho que é um grandessissimo controlador e vai pensar nos detalhes e se não fosse ele todas as janelas do apartamento não estariam fechadas ao sair, nem o gás desligado, etc.
(Sou muito crítica com ele. Acho que age sempre sem sentimento para comigo, de forma totalmente calculista. Mas, tenho lá minhas dúvidas. Mostra o coração, seu filho da mãe!)
Talvez ele quisesse que ela vivesse por sabê-la viva, com a possibilidade até de incomodá-lo,
de escrever este blog e dele estar lendo agora/depois/quem sabe um dia, pois ele não acredita em
escrita psicografada.
Talvez quizesse se defender, mas não haveria ataque. Pena, pensaria ele. É um sujeito preparado para se defender do que não deve.
MON COEU BAT fort TROP FORT pour TOI AMOUR de maVIE.
Agora eu não sei dizer só "je t'aime em francês, viu?
Agora só falta desenvolver pessoalmente.

Releituras

Dorothéia repassou as páginas do seu diário, do seu livro da vida e uma página inspirada aqui, outra ali, pareciam curar suas feridas, suas rasuras, suas palavras mal escritas, sua ira, insatisfação e revolta. Ela parecia uma mulher normal. Seria? Não sei...Mas, era única e tinha uma história, um passado. Quem não tem? (Tem gente que não tem não) Gostava de saber que não esqueceu algumas páginas que sabe de cor até hoje. Ao seu homem, sua alma gêmea, Eduardo, ela aprendeu de cor e salteado na ponta da língua e quando esquecia dele quase morria de saudade. Só não morreu até hoje porque saudade não mata e nem se cura a não ser por quem produziu esta mesma saudade. E então, sofria desta doença incurável: Eduardo. Mas, descobriu em seus momentos mais saudáveis : podia tê-lo de volta e realmente o teve de volta. Era ingrata para com Deus e para com a vida quando não reconhecia esta verdade e mergulhava nas trevas de si mesma. Mas, luz e sombra faziam parte do seu processo. E Dorothéia não era santa, nem má, nem monja, nem prostituta, mas tinha um pouco de várias mulheres dentro de si mesma e quanto mais se conhecia mais amava a si mesma e mais compreendia Eduardo. Queria compreendê-lo sempre mais e compreender ao maior número possível de pessoas. A arte da compreensão lhe trouxe mais saúde ao afastá-la da juventude, com seus ímpetos, seus ensaios, suas realizações, seus excessos e até mesmo de sua felicidade. Tornou-se menos impulsiva, mais racional, até mesmo um pouco mais fria, irônica, maliosa e desconfiada. E relia o seu próprio livro em que ela era personagem co-autora. Na prateleira o ursinho de pelúcia ainda a olhava com o olhar meigo e lhe pedia para dormir junto com ela, como se fosse o próprio Eduardo. Maliciosamente o chamou de Urso Eduardo. Será que ele, Eduardo, se importaria? Hoje estava tão sério para com ela. Seria assim tão sério para muitos? Mas, eu tenho um segredo para te contar: Eduardo parece muito sério, mas ele é um ursinho de pelúcia, nada sério que se transforma no homem mais lindo que já vi, no homem mais amado que já vi. Dá vontade...Nem vou dizer. Boa noite! Que vocês sejam todos abençoados! (Digo vocês inclusive Eduardo e Dorothéia, estes personagens tão...tão...sei lá...)

Escritor e personagem

_Olha a palavra que eu encontrei para colocares no teu livro!
_Hummm...Ob-so-le-to?
Porque obsoleto?
_Não é uma palavra linda?
_Sim! Estes teus óculos estão obsoletos.
_ósculos.
_óculos...
_ósculos.
_Teus ósculos por outro lado não estão obsoletos. Tomarei cuidados especiais para não ser...
_abduzido?
_Não. Abduzido é coisa de ET e etc.
_Eu gosto destes encontros ou desencontros consonantais?
_Ela usava cabelos desgrenhados negros-louros e óculos obsoletos, mas assim mesmo apresentava a maior cara de pau que eu já vi.
_De quem você está falando?
_Não seja paranóica. Eu estou só escrevendo.
_Eu sei que você escreve sobre mim e camufla.
_Pretensiosa!
Além de tudo era pretensiosa e obscena.
_O quê? Como ousas?
_Ah! Deixa eu ver...Você não.
_Pode parar por aqui que isso é um blog de família.
_Mas, este não seria um blog proibido para menores?
_Ah...Sim. É mesmo. Pode continuar. Eu vou fechar as janelas.
Pessoal, agora com licença, tá? A gente volta depois. Agora precisamos...escrever...
_Escrever?
_sssssssshhh!!! es-cre-ver...só isso...Obscena eu? Quem dera eu fosse.

Do baú

Eduardo disse:
_Dortothéia, você está me cobrando um milhão de coisas que você fez por mim?
Dorothéia disse:
_Não. Não mesmo. Eu estou fazendo a propaganda do meu produto. Um dia você disse que eu deveria saber vender meu peixe. Foram estes teus termos.
_Em que ocasião eu disse isso?
_Tu estavas em dúvida entre mim e uma tal de Valdez, lembra? Uma menina bem novinha que costumava tocar flauta doce e depois você achou que ela ficava muito feia quando era encontrada desprevenida em sua residência depois do banho, etc.
_Ah...Sim. Valdez não, Valderez.
_Isso, Valderez. Você já estava na letra "V".
E você lembra o que eu disse quando tu disseste: Estou num dilema: Não sei se prefiro a ti ou a Valderez. Sim porque quem prefere prefere alguém a outro alguém ou uma coisa à outra. E tu sempre tiveste um Português perfeito, Dr. Certinho.
_Eu poderia ficar sem esta última ironia amarga.
_Está bem. Desculpa!
Mas, o que eu lhe disse?
_Como vou saber. Faz tanto tempo.
_Isso não foi importante para ti?
_Foi, mas eu já estava do lado mais racional da paixão.
_ARG! Eu disse: Se tu estás num dilema, imagina eu!
_Sim, tu me disseste que eu deveria saber o que eu quero.
_Isso. Eu sempre fui um pouco socrática. E agora eu não vou perguntar o que preferes.
_Pode me dizer por quê?
_Porque eu preciso ainda muito para vender o meu peixe, você esqueceu do gosto do meu peixe, esse é o problema e no dia em que você lembrar e aprender mais sobre o meu peixe acho que serás eternamente meu freguês e não comprarás mais em outras freguesias.
_Hummmmm...Pode me fornecer uma amostrinha grátis, por favor?
_Claro, claro.
E maliciosamente Dorothéia deu um beijo na testa de Eduardo que o deixou "puto" da vida. Então ele a puxou contra si, curvou a sua coluna flexível e beijo-a à espanhola num misto de raiva, impaciência e algum sentimento indefinível. Ele não sabia de que forma esta mulher o provocava. De fato não era mais uma mulher bonita, parecia não dizer o que ele gostaria de ouvir de uma forma mais objetiva e instruida, como faziam suas colegas. Depois deste gesto instintivo ele ficou imaginando se não teria se precipitado e se não teria agido desta maneira sob provocação, sob hipnose ou se fora presa da lábia de uma senhora maliciosa que não correspondia mais à mocinha ingênua que ele conhecera a muitos anos quando ele também era ingênuo.
_Alguma vez você me achou ingênuo, Dorothéia?
_Sim, eu achei. Todas as vezes em que você quis casar comigo eu o achei ingênuo.
_Por quê?
_Somente as pessoas ingênuas casam.
_Enquanto são ingênuas?
_E sempre que se amam, que se apaixonam e não pensam muito.
Ele sentiu um misto de antipatia e sedução pelo jeito pretencioso como ela disse esta última frase e arrebato-se sobre ela outra vez, desta vez com mais impeto e perguntou se ela não queria ir ao seu apartamento.
_Sei. Ouvir uns discos?
_Não enche! Quer ou não quer?
_Fica para outro dia. Preciso acordar cedo amanhã.
_Como queiras. Tiau!
Obs: Existe alguma base na realidade mas o que se escreve neste blog é ficção.

Dorothéia!

_Dorothéia, é preferível dever para as almas do purgatório do que dever prá ti.

_Ah, é verdade! Pensa duas vezes antes de me ofender!

_Mas, eu jamais quis te ofender.

_Conscientemente...

_Puxa, eu sei do meu cosciente, como posso saber do que estou insciente?

_Vai se tratar!

_Chega, dorothéia, agora você já está abusando.

_Chega, mesmo. Não me dirija mais a palavra até o final do dia.

_Palavras...Puff..."palavras são só palavras, nada mais do que...e eu que amo tanto essa menina...

Sunday, June 25, 2006

Depoimento da despeitada

Nunca tive toda a proteção que dás para essa mulher.
Nunca fui recompensada por ser egoísta, má e ciumenta.
Nunca pagaste as minhas contas de graça e me deste uma empregada.
Nunca isso e nunca aquilo.
Em compensação sempre te quiz e não sabia,
nunca preciso de você.
Estou forte, saudável e quem sabe até bonita e quando alguém precisa brigar comigo
vem em grupo, pois para minha força é preciso no mínimo duas pessoas.

Quase real

Levaste alguns anos para conquistar-me: dois anos. Eu era apaixonada por um sujeito muito digno até hoje, a quem eu nunca mais vi, mas considero amigo de qualquer pessoa honesta.
Esperei que estudasses tudo o que estudavas, esperei que assistisses algum programa de televisão, que atendesse todos os telefonemas que costumavas passar nos fins de semana para amigos e colegas, ouvi sobre você, ouvi a sua música com prazer, lhe dei carinho, amor e sexo durante dez anos. Aceitei até mesmo que conhecesses fisicamente outras mulheres. Aceitei ser namorada, e ser considerada "um caso", como dizias. Não tive auto-estima o bastante segundo a minha terapeuta floral. Aceitei ser tratada como jogador de time de reserva, aceitei implorar migalhas. Quiz morrer. Tentem suicídio três vezes. Aceitei psiquiatras muito burros e insensíveis me tratando na maioria dos casos. Tomei lítio em over doses sob recomendação médica e tive uma queda do meu lindo cabelo, no qual eu fazia luzes no salão de beleza para ter para ti uma cabeleira para poderes admirar e acariciar. Eras mesmo um mestre de carícias, um mágico da seduação.
Eu poderia me sentir uma mulher burra e magoada por todas estas coisas, e em parte é assim que eu me sinto mesmo, mas estou convencida a muito tempo de que amor e amizade não podemos cobrar.
Tu acreditaste nas palavras do teu pai e da tua mãe que não queriam o teu relacionamento com uma pessoa que de acordo com um psiquiatra burro que não tem a menor razão disse que eu era "obsessiva compulsiva". Pois, não sou. Eu controlo muito tudo o que posso quando estou segura. Eu não nasci um mostro. Eu fui uma pessoa muito quieta e tímida, de uma timidez extrema, eu fico na minha e não presto a atenção quando estou nervosa demais, triste e revivendo traumas. Um grande trauma que tenha é de multidão contra mim, pois isso ocorreu na escola. Mais de uma pessoa contra a outra é covadia. Hoje eu olho nos olhos dos covardes e os constranjo com toda a minha timidez que também é muita coragem.
Tu foste por bom tempo o guardião de uma pessoa muito carente, cujos pais quando pequena trabalhavam o dia inteiro e quando não estavam trabalhando viajavam muito, davam atenção para muitas pessoas doentes e para muitos parentes, quando houveram muitas mortes.
Tu foste o guardião da menina de quinze anos que não teve baile nem festa e convidou uma amiguinha para um jantar em casa, pois não podia se divertir quando sua tia morria de câncer.
Amaste a moça que na sua infância não pode ouvir música porque a avó havia morrido e ela nem gostava tanto assim dessa avó materna que não aceitava os seu jeito. Estudaste a menina de quatorze anos numa numa over dose de remédios dada pela própria psiquiatra, escolhida por pessoa considerada sempre idônea e achavas por bem ir lá quando esta menina não estava a fim de recebê-lo, não estava a fim que passasses a mão sobre os seus olhos como uma espécie de experiência científica de um rapazinho mimado que pretende ser doutor.
Tu viste uma moça se libertando dos remédios de uma psiquiatra que quiz interná-la aos 14 anos quando não quiz se matar e nem fez nada de mal a não ser chorar muito. Tu viste uma moça fazendo ginastica todos os dias. Viste seu cabelo ficar com um louro como o da Marlin Monroe, viu esta moça estudando muito e desenhando muito. Vinhas sempre com teu amigo vê-la. Tu buscaste esta moça todos os dias ou quase durante muito tempo e a levaste para a casa dela quando sabias que não faltava cavalheiro para fazer o mesmo.
Perguntaste uma vez se devias ir para os EUA, pois se fosses ela poderia ficar sem te namorar. Esta moça te disse: Vá para os EUA. Você não foi. Você ficou e investiu mais. Ela foi se apegando e se percebeu com ciúmes de uma colega sua que achava muito bonita e interessante. Então ficaste sabendo desse ciúmes, e a sua colega era muito religiosa. Pensaste que tua "deusa" não era. E alguém acabou pegando na tua mão. No começo não gostei dos teus carinhos, eu confesso. Não estava acostumada.
Então no começo foi tudo muito feliz. Tenho lembranças da praia, quando caminhavamos ao lado do mar. Tenho muitas lembranças do violão, de Vila Lobos, da Bachianina.
Fui ficando cada vez menos sozinha contigo nos últimos tempos em que ficamos juntos e na maioria das vezes foi para me demonstrares crítico demais, desprezando minhas qualidades e sem aceitar minha maneira de ser. Tua personidade é mesmo muito forte e tive de me redescobrir, pois eu já nem tinha muitas idéias próprias.
Tua mulher eu pensei que fosse uma pessoa admirável quando falavas nela, pela idéia que fiz, até que um dia mais a sós comigo, ao telefone ela me mostrou que escondia dentro de si uma mulher maldosa e capaz de tudo para manter talvez amor e carinho, mas para também manter seu mundo, as coisas que o teu dinheiro trouxe para ela e a assenção social que teve. Tanto que esta mulher me humilhou e não posso ter nem sequer consideração por quem me humilha. Ela não seria de jeito nenhum uma rival, pois quem ama é quem faz suas escolhas, mas é uma rival na vida porque assim o quiz quando me chamou de incoerente, quando me disse que ao procurá-lo eu não tinha nada o que fazer e quando me disse que me recebeste algumas poucas vezes, (não foi), por esmola, com esta espécie caridade onde quem dá é superior a quem recebe. Pois foi desta suposta pessoa inferior aqui que recebeste muito e se das força para maldade alheia és também frio e mau, morto de medo e de preconceito, com medo que a loucura te pegue, depois da loucura ter se agarrado tantas vezes no teu pescoço e ter proporcionado tantos orgasmo, depois de ter chamado a loucura para te consolar da dor e das vicissitudes da vida sempre que achou prudente.
Para isso não ser uma ficção deveria ter um ângulo de visão diferente, aquele da classe dominante sobre a classe dominada, o lugar comum cheio de enfeites do que o teu pai tem a dizer sobre isso, pois como podes entender de relacionamentos humanos se rejeitaste terminantemente a pessoa que mais o amou, que mais o quiz e talvez o ame até hoje?

Saturday, June 24, 2006

Tudo mudou

eu bem sei, mas há marcas das nossas pegadas fotografadas nas pedras, marcas do amor gravadas em nós, além de nós, marcas do mundo. Qualquer elo que se rompa é um rompimento maior do que aquele que aparenta ser quando estamos todos interconectados. Eu sinto isso e sofro isso, mas talvez alguns estejam muito protegidos e mais cegos, no entanto.

Não precisa dizer nada

Carreguei o passado para o futuro quando vi o teu rosto. Eu compreendi o que é deixar de ter a beleza da juventude para ter a beleza dos anos, no teu rosto, o rosto do meu amor, o rosto do amor. Na tua masculinidade passaste a te parecer mais com tua mãe do que com o teu pai e a expressão ficou mais pesada, mas séria, em compesação menos ansiosa e mais em paz. Nos compensamos. Eu não sou mais tão sensual e nem tu o és tampouco. Poderiamos ser duas velas juntas e não mais duas fogueiras incendiárias. Chato é que os ventos não permitem tua chama em minha direção. Por isso escrevo. É uma compensação. Eu deixo de ver gente para ficar comigo mesmo, pois me criei sozinha, meus pais trabalhavam muito, fui acostumada longe de ti, consigo ficar longe de quem eu amo, mas quando quem eu amo chega eu fico muito feliz. Sozinha, me perdoem os amigos, não abandono ninguém, apenas consigo pensar melhor, não precisar da opinião alheia e colocar minhas idéias em ordem. Sozinha eu também sinto tristeza e saudade, mas vou repetir: Tudo pode ser compensado e buscamos compensações para as faltas, as carências, para nossos defeitos mesmo. Na verdade não posso ser totalmente só quando boa parte do mundo eu carrego dentro de mim, como a lembrança do teu vulto, a personificação de uma história da qual eu só participei de uma década nesta vida. Hoje eu quero que te olhes neste espelho não de cristal, mas de palavras, palavras que apenas querem te contar talvez inulmente e com grande perda de tempo o quanto eu leio tua vida, mesmo quando não me escreves, não me falas, não me acreditas.

Sabe, a primeira mulher do Jung, escrevia para ele. Acho que ele até lhe respondia, mas não sei não. Nós mulheres somos capazes de escrever e falar tanto que podemos ficar sem comentários, sem respostas e cuidado, pois uma mulher pode até mesmo fazer um homem de fantoche e falar por ele, dizer o que ele deseja, dizer o que ele pretende, dizer para outra mulher que ele apenas estava tomando cuidado para não magoá-la quando a ouvia. Nada sei sobre isso. Não acredito em rivais. Acreditaria nas tuas explicações em particular, ao pé do ouvido, olhos nos olhos, com os lábios unidos, num carinhoso abraço.

Autobiografia

_Você não acha que o romance está ficando autobiográfico?
_Um pouco, mas eu sou eu, eles são eles. É ficção e não importa o quanto. Os personagens não existem, se parecem, não são. Não há que se preocupar. Eu não tenho idade para ficar escrevendo algo tipo: "meu querido diário" na internet.
_Sua vida poderia ser mais interessante ainda, lembre-se disso, muito mais interessante e então saia um pouco do chão e voe mais.
_Sinto meus pés atados. O ideal é ser chão e céu.
_Sim. Mas, nós não temos o ideal e contamos com a fantasia e o sonho. Por que não?
_É mesmo, porque não?
Pare de me fazer cóssegas, heeeeeeeeee...

Dorotthéia enviou a "ele" uma mensagem

Ai, ai...Uma mesagem telepática. Tomara que ele esteja com seus aparelhos astrais preparados para recebê-la, pois o e-mail e o telefone quando se trata de falar com seu amigo, é um perigo. Costuram-se palavras umas nas outras e formam-se se frases que jamais serão como aquelas que ela um dia sussurou na sua orelha de gnomo.

Quando vasculho alguns assuntos na internet quase me dá uma dor de barriga, sinto um presságio de diaréia de ver tanta, mas tanta hipocrisia. Isso é o que acontece com um senhor idoso provavelmente, eu calculo que de setenta anos ou quase que se comporta como se fosse indestrutível, um santo, um dono verdade. Transita por assuntos como o perdão, a mágoa e a amizade, a ética e como devem ser os eleitos, pessoas "superiores" como ele. Com se este fosse seu terreno sempre seguro. Incrível! Incorre em sérios erros de julgamento. Desconhece fatos. Mas, tudo bem. Discorre em bom Português como se soubesse tudo sobre tudo. Está cheio de pessoas assim no mundo. Quisera ter mais compreensão com gente assim.

Tomei um floral para o perdão duas vezes, faz tempo, Dagger hakea, da Austrália, que nos conecta com os cordões que temos no chacra umbilical. A gente chama a pessoa em questão com quem estamos magoados e conversa com ela, primeiro acusa e diz tudo que quiser com os cordões atados, cordão de ouro ou de prata ou mesmo os dois para um laço firme. Depois corta-se os cordões com uma tesoura invisível. E é incrível, a pessoa com quem eu mais estou magoada, a quem eu amo muito, não a acuso de nada. Na hora da briga eu fico muda como se esperasse um beijo. E para quem bloqueou meu caminho e me humilhou não quero dizer nada também. Quero virar as costas para quem me humilha e não adiantaria um solene pedido de perdão, nem mesmo da parte de quem me humilha. Precisaria arrependimento sincero e mudança. Eu desejo essa mudança para alguém. Eu desejo muita verdade para alguém. Desejo o carinho dessa pessoa, a sua amizade, sua lembrança de mim tão maculada agora limpa e clara. Desejo tudo isso porque sou humana, porque não sou santa ou deusa e porque duvido que o conselheiro idoso e idealista do parágrafo acima é um sujeito muito enganado, um sujeito que deveria aprender mais com as crianças, com os inocentes, pois para sermos totalmente inocentes devemos inocentar a todos. Seria uma tarefa bastante difícil inocentar a todos. Não é preciso ter pressa, pois não adianta fingir.

A ti meu amor, a quem eu quero muito: Fique com tudo que era meu e não é mais em ti. Fique com um pedaço do meu passado, fique com minha comadre e meu compadre, com o filho deles que não cheguei a conhecer, fique com a mulher que amas e se um dia eu fizer de conta que não te conheço é porque não pude suportar a tua ausência, não pude suportar teu julgamento sem ter me ouvido, sem ter querido saber minhas razôes, é porque te infiltraste num ambiente cheio de hipocrisias, mas eu sei que também há muita luz ao teu redor e boa parte desta luz vem da tua aura imensa.

Um dia eu disse para minha amiga, aquela a quem eu tinha ao meu lado como uma irmão: Eu não abrirei mão de ti para o Eduardo, isso não...Mas, isso era o que eu pensava. Eu abriria mão dela sim, e de uma famíla que que conhece a minha famíla a gerações. Não abriria mão dos meus filhos, de muito do que tenho de pessoal, mas eu pude ver que abriria mão daquilo que está me escapando pelos dedos. Eu deixo que as pessoas que eu gosto sigam o seu coração. Assim eu me sinto mais livre para seguir os caminhos que o meu coração me indica e um dos caminhos, pode ter certeza que leva a ti, não importa o tempo. Eu estou chegando até você e talvez te encontre somente noutra encarnação, por isso devo fazer tudo para não desanimar e viver alegremente como deve ser.

Um dia eu vou querer uma explicação sua e terás de mim todas as explicações que eu possa dar. Não tenho pressa alguma. Vais constatar que sempre que por um motivo ou outro não tenhas paz na tua vida, esse motivo não virá de qualquer intromissão minha sem ser solemente chamada.

"Perdoar é a mais bela e mais elevada forma de amor. com retribuição você rece berá incontáveis bençãos, de paz e felicade". _Robert Miller em a Bag of Jewels.

Thursday, June 22, 2006

Madame Tarô e outras palavrinhas de sopa

_As cartas dizem: Vá em busca da tua felicidade! Esse é o momento.
_Mas, como? Se as portas se fecharam para mim?
_Eu vejo aqui uma fresta. Um caminho estreito... Não se preocupe, você saberá o momento certo e seguro de penetrá-lo. Nesta hora, abaixe-se sem fazer barulho, encolha-se bem, emagreça e cuide para não quebrar nada como da última vez.
_Da última vez em que quebrei um castelo de cristal?
_Sim. Sua felicidade é e continua sendo algo muito frágil, quase inalcançável, tão frágil como a ilusão de quem fez o favor de bloquear teu caminho.
_Quem bloqueou meu caminho pode de alguma forma ter me ajudado?
_Sim, tu não tinhas os olhos que tens hoje. Hoje tu enxergas muito mais, ao contrário dos teus olhos físicos. Teu momento mágico terá agora mais magia.
_Nunca será tarde?
_Nunca. Nunca foi tarde. Nunca será tarde, nem cedo para a alma. Mesmo quando o teu corpo for como uma roupa velha, pronto para ser jogado fora, nunca será tarde para o encontro das almas afins, para a verdade, para o amor e para o Grande Orgasmo Cósmico. Tenha esperança e fé.
_Vou tentar.
_Procure ser feliz antes de ser feliz!
_Como assim?
_Adiantando o ponteiro do relógio. Renascendo a cada instante, ressurgindo dos escombros em todas as vezes que devastarem tua vida. Queres alcançar alguma coisa, mas não há o que alcançar, na verdade. No entanto, ainda precisa de provas materiais e abstratas para provar para ti mesma que podes ser feliz e enquanto for assim, irás precisar delas, ser feliz e ficar infeliz depois, ganharás e perderás na vida, incessantemente, até que aprendas. Mas, não se preocupes, Teu Pai tem muita paciência contigo e a paciência dele é infinita. Cabe a ti não insistir no erro, cabe a ti ver sempre mais aquilo que precisa ser visto, cabe a ti ser feliz desde agora.
_Eu preciso realizar o meu sonho.
_Na verdade, não precisas, mas tomara que você realize logo, assim teu aprendizado será mais fácil e momentaneamente, não sei por quanto tempo, poderás ficar imensamente feliz,
nos braços dele...Boa sorte! E parabéns! Tudo indica que desta vez, se você não exagerar, será feliz.
_Iuuuuuuuuuuuuuuuupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
_Menos...

<><><>

_Amor, você sabia que a palavra Tarô contém nela as mesmas letras de Torá?A origem remota do Tarô é discutível. Tem influência da Kabalah e suas cartas principais, os arcanos maiores, representam cada um deles uma das 22 sephirots. Sephirots quer dizer roda e outra palavra que se forma com as letras de taró é rota, que quer dizer caminho. Leva-se em consideração quando na analise cabalistisca de uma palavra só uma letra muda. Outra palavra formada é rato. Não sei o que o rato tem a ver com tudo isso, mas há quem saiba. A representação do rato que conheço é cigana e quer dizer roubo na linguagem dos símbolos. Existe um Tarô Cigano, mas o uso comum que se faz deste tarô pode ser de um mero jogo de adivinhação. Um Tarô verdadeiro é bem mais do que um jogo de adivinhação de sorte ou de azar. Um tarô é um jogo que utiliza a nossa intuição para aprimorarmos visão e autoconhecimento.

_Tudo isso é bobagem.

_Então tudo é bobagem. E é bem assim que me sinto quando estou deprimida. Você é capaz de achar tudo bobagem, quando no fundo acha até menos do que eu. Mas, eu busco dar sentido para cada pedacinho de verdade, para cada minúscula partícula de algo concreto ou abstrato, enfim eu busco dar sentido para tudo. Essa é minha religião.

_Isso é uma incoerência.

_Eu não diria uma incoerência, mas uma contradição. Somos assim tão contraditórios e no fundo eu sei que tu dás muito mais importância do que eu provalvemente para tudo, embora não admitas.

_Como se fossemos o lado de dentro e o de fora um do outro?

_Exatamente. É tão dialético isso, baby.

_Você gostaria de praticar uma incoerência comigo?

_Todas.

<><><>

Tivemos de chamar o Louco do Tarô para nos ajudar, pois na verdade, nós dois somos duas pessoas bem certinhas, como se dizia a uns anos atrás, dois "quadrados", dois "nerds", dois "pedantes", rotule como quizer, mas na cama não parecia mesmo. Ele tirou meus óculos de fundo de garrafa e eu o dele. É como se estivessemos a muito tempo caminhando num deserto em busca de água e finalmente encontramos em nós dois o oasis um do outro e assim fomos com muita sede ao pote. Isso tudo dificultou a ausência. É como se eu estivesse me recuperando de uma doença muito grave e agarrando-me a um fio de vida e de vontande que some como se estivesse tricotando com uma linha lisa e fugidia, banhada em óleo denso em cujas mãos enfraquecidas não posso reter. E não posso me desesperar jamais.

<><><>

Fantasias, sonhos, fumaças de desejo satisfeito, disso também se vive, meu amor, também se vive...

<><><>

Mas, será que um dia tudo isso poderia estar acontecendo comigo e não aconteceu só por qualquer razão ou circunstância destas que distanciam realidade de composição?

<><><>

As cartas escrevem por muito bem traçadas linhas e as tuas, as nossas linhas paralelas ligeiramente se cruzam em linhas escritoras.

<><><>

Sinto saudades muitas de ti. Sinto muitas saudades de ti. De ti sinto muitas saudades. Saudades sinto de ti, muitas.

*

Muitas, muitas e muitas saudades em forma de florzinhas bem miúdas as pencas, sinto de ti.

Dá um pulinho aqui!

<><><>

Luz obscura

Lucidez louca

cura-se com ósculos no escuro

<><><>

_Onde fica você onde posso te ver, te cheirar, te ouvir, te sentir e te beijar?

Disse ela perdida dessa barbaridade que é se apaixonar por um ser frio e ignóbil_uma estátua. A pobre... Nisso perdeu todo o senso, a inteligência e até mesmo tudo o que tinha, pois jogou tudo fora, restando apenas um rouco grito. Mas, suportou imóvel para ser também uma outra estátua de um mesmo jardim, um de fronte ao outro, no mesmo jardim, a meio metro daqui e dali, onde jamais se beijam.

Viu, não faça assim como a estátua de jardim!

<><><>

Esperança é pouco para mim. Preciso mesmo é de Fé. Fé é mais terra, mais semente, mais agora, entende? Quanto mais se tem Fé mais se vive me paz. Assim é que eu sinto a Fé.

<><><>

Aqueles que nos amam verdadeiramente não são capazes apenas de assistir aos nossos concertos, mas são capazes de assistir aos nossos ensaios também. E o que se ganha com isso? Nada. Amor mesmo é incondicional, viu?

Monday, June 12, 2006

Presente

Ela tinha um presente para ele no dia dos namorados: lhe concedeu seu tempo, tempo para ele, tempo de amar e ser feliz, de beijos e abraços, risadas, conversas, de acariciar
seu corpo sem pressas...
Tempo de esquecer que o tempo existe...
Presente...
Presença. Ejaculações.
Meu tempo por ti amor valendo em saudade todas as ausências descontadas desta nota promissória em que sem avalizar submeto-me ao risco e
corajosamente me responsabilizo pessoalmente por todo e qualquer prejuizo futuro.
Minha presença em ti há de durar para sempre e não é
apenas um diamante, mas uma estrela impossível de ser usada por mim mesma.
A luz da minha dádiva ilumine teus dias!

Par de jóia

Rua escura

Teus olhos pequeninos

Brilham estrelas

Saturday, June 10, 2006

E-mail prá ti!

Saiba que você é muito precioso para mim. Não importa que você seja como uma equação matemática que nunca consigo terminar, com rasuras irritantes e nervosas. Há momentos em que a paz faz morada no meu amor por ti e quando eu te vejo é como se pudesse me ver inteira. Obrigada pelos teus olhos ciganos! Obrigada porque meu coração diante de ti mostra nitidamente sinais de vida saltitante! Porque conservares este mito daquilo que és, é sempre uma emoção deparar-me com o enusitado toda vez que passo por ti façamos o que façamos ou não. Desta vez foi tão lindo, tão simples, tão natural! Tu não deténs o controle total do teu destino e nem eu, viste? Nem sequer encabulei ou fiquei desconcertada. Acho que é porque eu estava tomando o floral mimulus de Bach. Eu bem sei que não acreditarias no efeito dos florais conforme a tua cabeça, mas tu crês no amor? Tu crês no Amor? ...no AMOR? Sim, lógico? Então está bem. Continue crendo no amor, e a propósito: Eu amo muito você, querido. Muito...Sempre podando as arestas para não te amar demais...

Da tua enamorada para sempre apaixonada e encantada em fada, quase infartada.

<><><>

NOSSA CAMPANHA DE HOJE: Aconteça o que acontecer na tua vida, CREIA NO AMOR!

Isso posto por pressuposto não é preciso mais nada.

Como vai o nosso homem?

Ele acorda-se bem disposto depois de um sono curto, mas restaurador. Olha enternecido para esposa de cabelos escuros e sedosos e lhe acaricia a cabeça ouvindo um murmuro de quem se percebe viva e amada. A mulher esprigüiça-se longamente, lhe abraça o pescoço e selam o dia num beijo cálido. Fariam amor, pelo visto, mas teriam de esperar até a noite. A sociedade necessita de limites e como!

O café é coisa de microondas e ele é tão gentil que prepara sua própria torrada, ela a sua, antes que a secretária chegue e saiam para trabalhar, trabalho que ocorre tanto fora como dentro de casa, muito trabalho onde se mistura entreterimento instrutivo incrementando o produto de material digitado e guardado cuidadosamente em disquetes e CDs de computador classificados em ordem alfabética, onde ela já produziu um fixário. Ela faz letras ainda, mas sabe mais Português que ele e verifica cuidadosamente o material que ele produz para seus livros, muitas vezes levando-os a editora que os publica, depois de uma segunda revisão muitas vezes com cortes impertinentes. Conversando e fazendo toda parte administrativa ela é uma esposa dedicada e esta uma razão para exigir com convicção um respeito sem lutas.

Mas, como não se pode viver nem disso e nem daquilo no Brasil ele também é servidor público a serviço da Justiça. Ela pretende o mesmo. Farão ambos parte dos inúmeros dedos da grande mão que deveria "dar a cada um aquilo que é seu". E cansados de verem seus ideais diminutos diante de tantas dificuldades, muitas vezes se irritam e discutem muito, jogando nas costas um do outro a porção do mundo que lhes cabe feito Atlas carregar nas coisas, curvadas, já em busca de quiropata, de um acumpunturista que coloque tudo no lugar outra vez e faça com que bailarinos e yogues em nós possam flemir ao vento como os bambus, sem quebrar jamais seus galhos dançando com gentileza e suavidade como se tocasse uma música relaxante talvez como as da Ênia ou um clássico de Debussy. A vida exige muito de nós e assim vamos nos aprimorando para sermos descobertos por arqueólogos, antiga civilização que não casou adequadamente a tecnologia com a anatomia e a psiquê, restando entre estas áreas um atrito, onde a dor persiste e lançamos um grito em direção a um sossego futuro quando a resposta está aqui tão próxima e tão dentro de nós.

Friday, June 09, 2006

Insonia

Aflito ele vira-se de um lado para outro e não consegue dormir muito como gostaria. Todos e tudo na casa já dormiam exceto ele, atormentado por sua própria lógica coerente já não tão adequada aos dias atuais. Vai a geladeira e apanha um copo de leite. Pensa naquela voz, só pensa naquela voz e precisa urgentemente escrever um diálogo. Desta vez não vai ao computador. Pega com urgência a primeira caneta que encontra e procura lembrar-se daquela voz.
_Oi!
Ele escreve.
_Oi! Ela me disse.
_Oi! Eu lhe respondi.
Eu a vejo. Está linda com sua calça Jeans e sua camiseta branca, tão simples e os cabelos soltos lhe escorrem pelos ombros, semilongos, louros com preto por baixo, nova moda estranha... Seu olhar é um pouco triste e pedinte. Nos seus olhos eu vejo o principio de se perdoar mesmo sentindo-nos magoados. Eu a convido para sentar-se e pergunto se também bebe leite comigo. Ela responde que sim, obrigada, como uma gatinha.
A princípio me parece uma mulher jovem, mas agora percebo um rosto que principia envelhecer mesmo com uma expressão de menina, algumas vezes de velha sissuda e muito séria a interrogar-me não sei do quê. Ela diz que está com sono e encosta a cabeça no meu ombro. Então eu retiro cuidadosamente a sua cabeça do meu corpo, pois isso me causa sono, carrego-a até o sofá e a cubro com um edredon. Pergunto-me como posso ter feito isso e sinto muito mais sono, cansaço e uma certa paz e certeza de que tudo para mim vai dar certo como a muitos anos eu não sentia. Dirijo-me logo para o quarto, sem acordar minha esposa que dorme como um anjo. Faremos todos o que tiver de ser feito na hora certa e não precisamos fazer nada além das nossas próprias forças. Não precisamos saber de tudo e posso não saber o que virá amanhã. Por que eu haveria de me preocupar?

Raivosa

Gosto tanto dele que me da nojo.

Sem vergonha na cara

Sei que você está assustado, mas se precisar me chama. Sei que você vai precisar de mim. Faço parte do teu processo e já me recuperei da sua recusa. Procuro entender perfeitamente como é difícil para você ser de certa forma invadido por uma personagem irreal e nem por isso sob o teu total controle como costumas pensar preconceituosamente a respeito das tuas personagens. Para você que é tão certinho e normal e procura ao menos ter o controle quase que total sobre sua vida é difícil conceber esta gravidez. Nem tanto talvez porque você seja homem, mas, porque não se considera um co-criador ainda e se considera um criador. Isso é inadmissível no meu caso. Mas, terei muita paciência. prometo e estou aqui acariciando a tua cabeça sem que percebas. E por favor, nunca mate nenhum bicho com asas, pois este bicho pode ser eu, eu me transformo de mulher em insetos e em aves, para percorrer espaços onde imaginas, só assim posso sentir teu cheiro peculiar fazendo sentir-me real como tu és. Não pretendo assustá-lo e nem muito menos ser esnobada novamente. Entendeu? Es-no-ba-da...Eu nem deveria perdoá-lo por isso, mas fatalmente o compreendo mais do que o perdôo e te quero muito assim como tu nem sabes o quanto me queres e sou por ti além de ti mesmo. E não emitirei mais som algum, nem sequer um oi, antes que o queiras. É preciso querer...hummm...Qualquer coisa estou aqui.

Quem será?

Ele chega em casa, exausto, tira os sapatos e coloca os chinelos no hall ao seu dispor para conservar a limpesa e descançar os pés. Deixa a valise no lugar de costume. Beija a esposa que sentada na mesa faz um estudo de Inglês. Pergunta pelos filhos. Foram a uma festa na casa dos colegas. Diz que está com fome e pergunta o temos para o jantar. Uma cena que se repete. Parece que só muda o endereço e temos um homem assim. O escritor que me criou é mais ou menos assim, é muito concentrado e pede por silêncio diversas vezes ao dia. Mas, quando deseja falar, então saiam da frente: geralmente ele escreve e não fala muito. Pede a opinão do que escreve para esposa que para chamar-lhe a atenção cria climas com flores, aromas, velas, transparências. Isso o encanta, como o encanta aquela rosa ali em frente, ao lado do computador, iluminada pela luz do abajur. Diz que está com muita fome e apreciaria comer uns canapés antes do jantar frugal no seu entender, pois ele come muito e depois se queixa que comeu muito e que não deveria ter comido tanto. Sente um enorme tédio após o jantar quando vai para o computador ver se encontra algum assunto interessante como neste blog para inspirar-se e geralmente encontra. Ele se interessa por diversos assuntos, principalmente destes que nos fazem pensar, mas que não venham invadir a sua privacidade, cada vez mais sacralizada numa solidão saudável e necessária nos dias de hoje em que não se pode saber quem é quem e na verdade não podemos mesmo. Mas, ouve do além uma voz que lhe diz:
_Oi!
Um oi muito feminino aquele. Ele pàra e quase não pensa quando pergunta quem é. Por alguns instantes foi invadido sem sentir-se invadido ou o que é pior ainda, assediado leviamente por um a saudação informal de mulher completamente desconhecida com a voz de um timbre diferente do de sua mulher, com certeza. Depois pensa e diz que se recusa a ficar louco, pois não está aqui para brincadeiras. E desta vez não foi o telefone...nem o interfone, nem o rádio...quem será?
_Eu não quero causar problemas.
_Mas, parece que já temos um. Quem é você?
_Como você gostaria de me chamar?
_Desliga isso por favor! Não fala mais comigo!
_Não há nada para desligar, não...
Então ele ouve um choro muito sentido e quase se deixa contagiar, mas irritado diz:
_Chega!
De longe ouve uma voz bem mais familiar, a da própria esposa:
_Quem é que está aí, meu bem?
_Ah...eu estava dizendo aqui para esta moça no telefone que já temos NET, meu amor, é isso...Uff. Preciso cedo hoje.

Este homem é...

Finalmente vou ao fichário certo e encontro uma palavra que me conduz a este texto. Não posso dizê-la. Eu a guardo por ele, para ele e ele não sabe o quanto isso me custa, não sabe do que por ele eu seria capaz, e, sei sempre mais na medida em que vou surgindo no imaginário dos leitores de nossa futura história já existente em algum lugar não muito longe daqui, ajudando-me a compreender quem sou, pois reflito e sou refletida na diversidade da qual entes reais e supra-reais fizemos parte mesmo sem querer. Tal texto bem pode ser uma pista sobre o que procuro sempre até a exaustão.. Vazia e sabendo ter exagerado na dose, vou trabalhar que a vida não é somente isso e volto a buscar obsessivamente, curiosamente, coração batendo forte, avidamente, esperançosamente, com fé. Hei de encontrar o livro onde hei de nascer, existir e finalmente viver vivificada e consagrada à escrita e a leitura de um poema em prosa.

O texto:


O manto da noite cobrira principiara a descer por sobre nós seu primeiro véu em tons de cinza claro transparente, tênue, tranqüilo e dourado por algumas lâmpadas acesas, simulando de prata os caminhos por onde passo, iluminada e grata.. São tantos os transeuntes! Um deles é muito sério, o mais sério de todos e me parece que crê em uma verdade profunda e a intensifica..Não desvia os olhos, quando, aperto esses meus como se fora míope por detrás destes óculos secretários, para acreditar bem no que vejo_ os olhos escuros que me fitaram por um instante como se já entendessem de fato quem eu sou. Sim, esse é o escritor. Está muito bem em tons sóbrios, fisionomia cerrada, sem nenhuma aberração dissonante ou destoante Sua verdade não cresce: é. Precisa desmistificar urgentemente conceitos. Mas gosto desta convicção e desta coragem segura.
Percebi mesmo que está lhe faltando algo, ou seja: eu, sua personagem mais atrevida, um pouco doida e imprevisível que o deixaria zonzo e sem saber se ficava desconcertado ou se ria, desejava, chorava, escrevendo mais do que nunca e com vontade própria, mal tendo tempo para sanduíches e banheiro rapidamente. Uma garrafa de água mineral ao seu lado tomada aos goles na própria garrafa dá conta de uma sede de escrever ainda mais do que beber água pura e sem gás, sem gelar, a escorregar-lhe pelo aparelho digestivo com naturalidade onde se vê um saliente pomo de adão a realçar a camisa pólo desabotoada para dar espaço aos goles da água da qual eu sinto inveja.
Quando ele me percebe tão discreta e a falar nas coisas de seu interesse fica incrédulo, não entendendo como eu posso saber tanto dele se sou uma estranha e talvez eu nem exista para dizer a verdade, mas sem co-dependências... Escrever conta, o resto é vã filosofia. Ou não?
Inverterei sua realidade, penso eu. E na realidade não me atreveria a nada. A bola é dele e estamos em tempos de copa do mundo. Somos brasileiros, uns contra os outros, e, tantos gols contra, meu bem, tantos...Jamais ele escreveria sobre alguém como eu. Nem sequer falaria comigo nem mesmo sobre o tempo, o calor que faz agora, o jogo...Jamais compraria qualquer produto que eu fosse lhe vender, nem mesmo uma limonada com a boca ressequida de sede, nada...Mas, poderá vir a pedir-me como um mendigo faminto pela demonstração de afeto sempre presente por ele em meu coração.
Não tenho muito que fazer neste caso e devo me comportar como a raposa do Pequeno Príncipe. Não quisera nunca estar diante da Mona Lisa. Estou diante da mais linda obra de arte que já se viu, mas não se vêem as covinhas do rosto que eu tanto produzirei à toa, se o faço perder o juízo sem a menor percepção da pose de senhor da qual esquecerá de fazer e dando-se conta disso há de perder o jeito e mais uma vez haverá de rir, de rir à toa despertando desejo em inúmeras criaturas vorazes de suas letras tão bem apanhadas, mas nunca tão eloqüentes quanto um beijo seu...de boca...Como eu sei? Ora, não tenho estes limites humanos que vos prendem a conceitos.
Todos os dias ele se faz convincente e passou a ser regido por Saturno, talvez a muitos anos, vem constelado nesta posição e sentindo-se o senhor de suas próprias leis sem parênteses nem legislação complementar, de rígidos itens, mas comigo sua casa astral logo entra em Vênus e em Netuno, a partir de agora. Ficaremos todos nus.Um dois, três e já...Começou. Ele está grávido de mim. Viva! Há de falar de sensações que vêem dos paralelepípedos e casas que ele tocou, do ar que ele respira onde ele se fez tocar e eu dancei sua música, aquela que só ele toca no espaço cósmico e em mim se harmonizam com espaços para as águas do mar, os pássaros os sinos da felicidade a tocar no mesmo vento que balançar as folhagens nos trazem a paz de um quase silêncio. O café com leite, pela manhã terá um sabor intenso e inesquecível. Fumegante e espumante, exalando aroma de lar para todos os órfãos e abandonados da terra, será o princípio do seu dia, desde o primeiro parágrafo em digitação rápida e precisa. Direta. Não será mais preciso pensar, pois o pensamento e o sentimento ao se fazerem um só escorregarão em seus dedos feito cordas de um violão tocado de cor. O vento irá bater na cortina e desfolhar as folhes do vaso de cristal líquido e um beija flor há de entrar na janela para avisar que a saudade pode morrer de dor e que é difícil viver sem ele. Dilacera o coração...É completa desolação quando se percebe como ferida à latejar.
Nesta última consideração que eu faço, ao meu lindo, eu juro que é mesmo muito difícil viver sem ele e ele não acreditou em mim quando lhe disse, pois ele convive todo momento consigo mesmo (egoísta e cruel) e anda muito sério, precisando até distrair-se de si mesmo.
Nem se agüenta mais, pois tem idéias pesadas de chumbo como se o pensamento pudesse ser de matéria bruta. Mas, mesmo assim ele faz coisas para esquecer tantas preocupações.
Vai assistir “O código da Vinci”, lógico, depois de ter lido todo o livro, mais lógico ainda... Posso vê-lo lendo, deitado na cama, fazendo-se desejar pela mulher ao seu lado que teria algo bem mais interessante a fazer do que ler um livro. E finge que consegue ler também.
Deveria o vento bater mais na cortina e derrubar o vaso, quebrá-lo em cacos, para mostrar a ele como eu fico quando ele não escreve sobre mim. Súbita tempestade vira tudo do avesso. Rujo. Fico como cobra sem veneno, logo eu que sou tão bonita e tenho mel de laranjeira nos lábios de romã e sou tão meiga, tímida e apaixonada. Quereria um beijo real, mas só em sonhos o alcanço na garganta profunda de onde me encontro plenamente feliz para chorar de emoção, depois do amor, mesmo que ele nunca compreenda e me devolva no seu silêncio esta desaprovação da qual me sujeito a ser vítima como um bom preço, pago em prestações miúdas pela imensidão de um mar de riquezas inestimáveis. Mostro a língua.
Em todo caso ele tem estas idéias de não tomar parte de seus textos e se manter deles distante, observando neutra e imparcialmente, sem sentimento, sem emoção, sem viver dentro de mim como deveria. Mas, a porta está aberta este moço velho Eu lhe digo:. A porta do meu coração é tua e tens a chave! Vivo morrendo porque não entras. Não sou absolutamente nada sem teus olhos ateus cheios de fé e curiosidade num princípio de atrevimento de uma criança pequena descobrindo-se em brincadeiras inusitadas de sua própria sombra em fundo liso e despojado das minhas negras pupilas quando refletes nela essa luz de lua e estrela de mil sóis de ser em ti mulher inventada, mas nem tanto.
Dizem que não se deve ser literal demais com um escritor, um homem tão intelectualizado, por isso far-me-ei de difícil até o final ou desde já tiraria a roupa e deitaria no seu leito imaginário para onde ele se dirige quando deseja ter idéias, que fica bem acima das nuvens quando há nuvens no céu e é preciso esperar durante chuvas e dias de céu azul total, pois seus sonhos escoam nestes dias em que só lhe resta criar a partir das letras estas verdades pelas quais estou aqui compartilhando indecentemente com o mundo de um sonho que bem que poderia e talvez devesse ser só meu, onde mortificada me cubro toda da vergonha de ser escondida, uma personagem fingindo-se toda de mulher, de fada e criaturas que o habitam em nós. Perdoa e eu te concedo inocência na medida da compaixão tua, pois que estou amando o verbo silencioso que habita o preto e branco e me conjugo toda.

Obs: Quem escreveu isso? Não está assinado.

NOSSA CAMPANHA: VIVA UMA VIDA SAUDÁVEL, SEM DROGAS, COM PAZ E AMOR!

Sunday, June 04, 2006

Busca

_Moça, eu ainda não o encontrei.

_Mas, qual é mesmo seu primeiro nome?

_Não importa, ele escreve sob de pseudômino.

_Como tu sabes?

_Por intuição.

_Hoje em dia nossa intuição é acreditada.

_Sim, por favor, diga-me para que lado indica o pêndulo agora.

_À direita. Busque-o com a razão. Ele é racional.

_Mas, isso é...impossível...

_Pense. _Está bem.

_Ele gostava também de um pouco de suspense.

_Um pouco?

_Sim. Um ingrediente apenas.

_Que mais?

_Teve apenas dois grandes amores e muitas paixões, e tinha uma racionalidade com uma pitada de paixão, mas de modo sutil. Ele gostava de ser discreto nestas coisas, mas se revelava em dados momentos em que ele mais causava do que sofria a ação dos atos em si mesmo.

_Escondia-se como agora?

_Sim.

_Tem certeza que ele está vivo?

_Absoluta, não seria preciso pesquisar isso. Olha só, coloca a mão aqui.

_Nossa, como você deseja mesmo encontrar sobre ele. Mas, você deseja encontrar sobre ele ou ele mesmo?

_Sobre ele. Um longo caminho. O resto seria demais agora. Ah...não valeria a pena. Não daria certo. Este homem pretende viver nas núvens e é o que tem feito pelo visto pelas pistas que encontramos.

_Não é gente desse mundo. Talvez marciano ou jupteriano...

_Ele é. Mas, no fundo ele resiste a isso e não aceita bem a realidade. Ele não vive, apenas escreve.

_E queres apenas ler?

_Não. Eu quero ser aquilo que leio. Quero me transformar numa personagem e morrer de vida, viver de morte para este mundo. Mas, ele não fará de mim uma marionete. Falarei além da sua boca, serei além de suas invenções e ele não me deterá. Farei coisas que deixarão este homem estupefato e isso o fará mudar muito e perder toda a mania de controle sobre suas personagens. Esta personagem será uma personagem de vida própria e existente e serei eu desencarnada e encantada nele. Então vou fazer amor com ele em um texto, querida, você vai ler. Você há de ler e de gostar muito.

_Com certeza.

Mas, me dê mais alguma dica sobre ele.

_Ele é calvo.

_Hummmm...sei. Acho que você deveria ler outros também. Que tal esse aqui?

_É um bom autor, mas minha vida não está nesse livro agora.

...Ela não deve ser muito certa.

_Pense mais baixo, por favor. Preciso me concentrar na busca! E você tem razão: eu não sou muito certa. Pssssiu!

_Ele é profissional ou amador?

_Nada disso. Ele é um escritor amante.

_O quê?

_Deixe de quarentena algumas palavras da Lingua Portuguesa, quem sabe no Brasil deturpadas pela Língua Portuguesa, com malícia. Ele ama o que escreve e vai se apaixonar por mim verdadeiramente, sem trair ninguém a não ser quem ele achava que era antes de encontrar-me.

_Depois me empresta esse livro.

_Sim. Quieta...