<p>******)FILHA DO SOL E DA lUA(******</p>: January 2006

Tuesday, January 31, 2006

La partita em ré menor

_Tia, estou quase me formando e vamos ficar noivos.
E a tia fingindo grande alegria:
_É mesmo. Terei sobrinhos netos, então.
_Tu vais sentir minha falta?
_Eu espero não precisar disso, Dorothéia.

Esse querer absurdo

Somos todos frágeis e ao mesmo tempo fortes,
mas nos fazemos
sofrer uns aos outros sem querer
conscientementemente,
mas talvez
de uma forma inconsciente para nos sabermos
queridos demais,
quando
o
querer que sentimos uns pelos
outros é neurótico
e
esse querer
faz parte da humanidade
que quiz tanto que destruiu várias formas de vida
e humanamente
quiz
a domesticação e submeteu as feras, bichos e semelhantes.
A ti, no entanto,
sempre o deixei livre e sãosomente minhas amarras que não
desejas, as amarras do meu querer absurdo a insistir num pecado de quando em vez
quando tenho o horizonte como perspectiva e
o grande e infinito
oceano do
vazio e da ausência como proximidade maior de onde todos os pontos equidistantes se encontram.
Deixar de querer-te é ser contigo então eu adormeço do meu sono.

Dorothéia minha vida

A tia de Dorothéia, cujo nome ainda não há, nunca casou-se e criou Dorothéia ainda bem pequena quando seus pais morreram num acidente de carro. Dorothéia foi muito lesionada e teve de se operar várias vezes e recuperar seus movimentos. Tornou-se uma moça bonita,
os encantos de sua tia e tudo para essa última, pois Dorothéia fazia a tia esquecer um antigo amor por quem nutria um sentimento muitas vezes mórbido, pois nunca se conformou e de vez em quando procurava saber de alguma forma onde, como e onde estavam aquele homem, agora já de uma certa idade. A tia acreditava que ele era a sua alma gêmea.
Ambas, Dorothéia e tia haviam perdido entes muito queridos, cada uma a seu modo e elas se queriam muito.
Sabe esta coisa de nomes? Eu acho difícil, acho nome não traduz todo o personagem como traduz Dorothéia. Dorothéia era muito alegre e vivás, positiva, mas tinha seus traumas, por sofrera muitas dores. Como era mesmo o nome do marido de Dorothéia por exemplo? Não não era aquele nome que usei quando me referi a ele outras vezes em outros blogs. Na verdade eu vou arranjar outros nomes, acho. Mas, somente Dorothéia é que tem um nome real aqui. Dorothéia existe e não existe e sua tia e ela em muitos casos se chamam juntas pelo mesmo nome que não é Dorothéia, nem Ruth Iara.

Canção inútil

Não tardes tu

que eu ardo

de dó de mim!

Partitura

Se a saudade fosse
de sal e de água
e
de sol
essa saudade de ti que sinto
diria ao mar
que
a
levasse para bem longe de mim
e para bem
perto
de
ti
para que tu me quizesses
com
este memo ardor e ânsia que te quero em mim
E a noite
chamo por teu nome
como
a filha das selvas
que
grita convicta
pelas matas e cachoeiras,
pelo néctar das
flores,
como a Iara dos indígenas
que
deseja voltar ao mar,
como
o
judeu que deseja a Terra Prometida.
Diante da
minha
saudade de ti, meu amor
a vida
é breve
e
grande o pecado de querer-te
a fazer-me sofrer
e
dividir meu coração
na
percepção do Amor maior que abrange a todos
Parto de mim mesma
e levo
comigo a cicatriz do teu nome no coração
com
tristesa por nunca tê-lo esquecido e
coragem de viver
longe
de
ti.
Toquei em dó maior
de mim
mesma e ancorei dos meus sonhos no mesmo mundo em que tu vives.

Wednesday, January 11, 2006

Haikai ou quase

Os loucos do hospício

assistiam TV

e Dorothéia também

*

Foto do meu passado

pássaro preso

Sonho roubado

*

Vai paixão

vai desejo

Amizade não

Fica carinho

*

Calo no meu pé

pulga de gato

Coração intacto

*

Taquicardia

Carinho de mão e de pé

Paralelepípedos

*

O engrediente

que faltava para ela

bigode de moço

*

Espia por entre folhas

o passarinho

bem lentamente

*

Mares de

verdes

espumas brancas

escoam em mim

*

Terminou o haiki, Dorothéia

_Saudade é palavra que não se diz, ainda mais em haiki. Por isso prende teu sonho na gaiola e vai trabalhar!

_Ai, titia, mas o zen as vezes é duro.

_Não critique, menina, pratique!

_"使われるようになってきております" (?)

Saturday, January 07, 2006

Teu percurso

Acalenta
Acaricia
Perpetua este afago
Percorre
o
corpo de quem te ama
o
corpo de quem te chama
a
alma de quem vive
mesmo
apartada
de
ti
!
Da tua eterna namorada:
Dorothéia

Dorothéia "coroa"


Uma força inexplicável lhe foi mostrada a partir dos anos e sabia que poderia conter, expressar, contrair-se e expandir-se como bem lhe conviesse, suportando qualquer tipo de desequilíbrio que o seu corpo ou alma pudessem sentir, pois assim ela pariu um novo ser através da incompreensão do mundo que pairava sobre ela, obrigando-a a entrar por aquela porta que leva para todos os quartos escuros dentro de si mesma e acender a luz, na solidão. E fez o balanço de sua vida, verificando satisfeita que lucrara com a capacidade de reserva, de paciência, fé e esperança que apacentou sua alma ainda rebelde como seus cabelos, seus gestos e atitudes sempre escêntrica no seu meio pessoal, onde apenas por ser ela mesma deixava a todos com uma espécie de receio da imprevisíbilidade, algo que exitava e atormentava até mesmo quem simplesmente passava por ela. Dorothéia e seus mistérios! Era também engraçada e sabia disso, por isso comprou um chapéu de palhinha com uma enorme rosa pendurada em um tope de cetim lilás que cosumava combinar óculos de sol tipo coruja malandra e cuidadosa e andava erguida por altos tamancos de salto anabela disfarçando um pouco a sua baixa estatura, mas não o seu tipo "mignon" como costurmava dizer a tia a respeito da sua miúda flor mulher de personalidade por um lado frágil e por outro também muito forte deixando na dúvida e aos cochichos os observadores desprevenidos. "Você sabe quantos namorados ela já teve?" cochichou um homem mal amado para outro homem mal amado. E Doro fez que não viu. De quem ela queria realmente a atenção não a obtinha como se aquela planta criada com cuidados houvesse quase murchado toda, não totalmente, deixando com ela uma preocupação incomoda e latejante ao longo de todas as suas distrações com tudo o que é importante em diversos graus ou meramente divertido. Sabia que não havia hierarquia alguma a não ser na mente humana, mas estava sujeita, mesmo sem querer aos ditames da sua espécie que a faziam sofrer. Para Goethe a flor é o sofrimento da planta que gera os mais saborosos e um dia doces, maduros frutos. Estaria quase no ponto? Sim acho que já. Nossa personagem é bem feninina, mas não tão meiga e sim um tanto do tipo agridoce.

Foi assim

ou quem sabe mais ou menos isso. Não sei ao certo.

Eram um do outro aqueles dois, o masculino e o feminino, dois pontos de interrogação e muitas considerações exageradas haviam entre eles, pois a vida insistia em que não fossem de vez em quando ter uma conversa juntos, fosse num parque, no telefone, ou num destes cafés da cidade que possibilitam educação e finesse entre os clientes e garçons, onde poderiam simplesmente co-existir, fazer trejeitos, talvez nem dizer nada, no máximo tocarem-se de leve, pois o atentado ao pudor público é algo que causa imensa inveja. Mas, não. A imaginação crescia. Ele, para ela ao menos, pois Dorothéia contou-me melhor, era uma espécie de monstro genial, ser fantasmagórico, capaz de piruetas sexuais nunca vistas antes e de sussurar imitando todos os bichos no seu ouvido fazendo a gemer e retorcer-se toda de prazer. Não havia como o seu cheiro, um cheiro de homem como nenhum homem até hoje conseguiu cheirar causando com isso uma espécie de propaganda do produto que oferecia, o ser inteiro para que fosse acariciado, beijado, mordido e lambido e desejado, com anseio, quase com loucura, pois a coisa que ele mais detestava era a loucura e para seu desatino ela era completamente louca e por ele. Eram demais um para o outro e este exagero todo os afastou não permitindo que se aplainassem arestas através desta prática que nos amacia, nos desgasta, irrita e nos faz ponderar , o relacionamento rotineiro, ter consideração, espera, cansaço e pequenas decepções que acabam com qualquer mito. Mas, não, ele principalmente não queria isso. Por isso escondeu-se bem dela e ele lhe aparecia a noite, belo, belo, belo como uma estatua grega, como o chamava, com pequenos músculos trabalhados a sobresairem-se dos ossos onde todo o corpo era harmonioso e o olhar era esfumaçado como se sobre os olhos ateus sempre pairasse uma névoa que o protegia do mundo deixando aqueles olhos parecerem-se com uma figura onírica com vida própria se apartados do corpo com quem conviam em total unidade e iluminando a mais bela criação que o papai do céu havia feito na face da terra. "Ai, meu amor! Ai, meu amor! ai meu amor, como dói o amor!" Gemia Dorothéia no escuro sem pregar os olhos. "Ou será esta miséria que me resta?"